Golpistas se passavam por pastores para vender viagens falsas a fiéis
Caso foi investigado pela Polícia Civil do Paraná; mais de mil pessoas podem ter sido lesadas em pelo menos oito Estados
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 19 de junho de 2019
Caso foi investigado pela Polícia Civil do Paraná; mais de mil pessoas podem ter sido lesadas em pelo menos oito Estados
Luis Fernando Wiltemburg - Grupo Folha

A Polícia Civil do Paraná prendeu nesta quarta-feira (29) oito pessoas suspeitas de se apresentarem como pastores e venderem falsas viagens de cunho religioso para fiéis de igrejas evangélicas. Segundo as apurações, mais de mil pessoas podem ter sido lesadas pelo grupo criminoso.
A ação teve apoio das polícias de Santa Catarina e São Paulo. Foram emitidos nove mandados de prisão e 13 de busca e apreensão, além do bloqueio das contas bancárias dos envolvidos. O cabeça do esquema, segundo os policiais, já foi preso em 2015 pelo mesmo crime, mas, posto em liberdade, passou a executar o golpe por meio de terceiros.
Os mandados de prisão foram cumpridos em Curitiba, Araucária e Sarandi, além das cidades paulistas de Piracicaba e São Paulo (capital). Porém, a Polícia Civil identificou vítimas também no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba e Rio da Janeiro - somente em Blumenau (SC), mais de cem pessoas foram enganadas, numa fraude calculada em R$ 800 mil.
Segundo o delegado André Ricardo Feltz, a quadrilha se utilizava de empresas constituídas especificamente para dar o golpe, vendendo pacotes de viagens para destinos religiosos no Oriente Médio, para a Disney ou para a Copa do Mundo do Catar, em 2022, que não foram ou não seriam cumpridas.
Para vender os pacotes, os supostos golpistas se aproximavam de líderes religiosos de igrejas evangélicas para obterem sua confiança. A confiança dos fieis em seus líderes facilitava as vendas fraudulentas. Nos locais averiguados, foi encontrado vasto material publicitário das viagens.
Os pacotes falsos tinham valores bem abaixo da média do mercado e as formas de pagamento eram facilitadas, com várias parcelas no cartão ou em boletos. "Este pacote era oferecido para dois ou três anos adiante, com parcelas baixas, e essas vítimas iam pagando até um determinado momento em que, perto da data de viagem, começavam a cobrar reservas de hotel, vouchers de passagens aéreas, e não tinham. Houve ocasiões em que os vouchers foram falsificados para conseguir fazer as vítimas pagarem por mais um período", conta o delegado.
Ainda de acordo com ele, depois que a empresa era desmascarada, os golpistas instituíam um novo CNPJ para "assumir" a viagem mediante o pagamento das parcelas restantes.
Os valores iniciais não eram baixos, identificou a investigação policial. Entretanto, depois de algum tempo, os preços caíam consideravelmente - uma caravana para a Terra Santa, por exemplo, que começou a ser oferecida por R$ 10 mil por passageiro, teve o valor baixado para R$ 5.999. Uma viagem para a Disney foi "vendida" por R$ 3 mil. Tanto Feltz quanto o delegado catarinense Lucas Gomes de Almeida, da 2ª Subdivisão Policial de Blumenau, afirmam que nenhuma viagem foi entregue.

