Brasília, 01 (AE) - O coordenador do governo na Comissão Mista de Orçamento, deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), reagiu à intenção do PFL de propor a redução das metas do superávit primário e das taxas de juros para viabilizar o aumento do salário mínimo. Segundo o parlamentar tucano, as propostas pefelistas demonstram uma total desinformação do que é o Orçamento da União. "É uma demonstração de desconhecimento ou de leviandade", atacou Goldman, referindo-se ao líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE).
Ele lembra que, ao propor uma redução de juros anual de 19% para 18%, o PFL ignorou o próprio Orçamento do Congresso que está prevendo para 2000 juros reais de 13%. "Para conseguir os recursos de R$ 4 bilhões, o governo teria que ter um juros abaixo de 12% e não de 18%", explicou o deputado. Goldman teme inclusive que a equipe econômica não consiga chegar a expectativa original prevista em 1999. "Neste caso, mesmo baixando 1% dos juros, como deseja o PFL, ainda ficará faltando muito dinheiro", ponderou o tucano. Em relação à redução do superávit primário de R$ 29,8 bilhões para R$ 25,3 bilhões, Goldman alertou que isso irá gerar um aumento considerável dos juros. "Tirar R$ 4,5 bilhões do superávit aumentará ainda mais o endividamento do País, colocando as taxas de juros para cima"
advertiu. "Não dá para ficar jogando para a platéia". Segundo o deputado, as fontes propostas pelo PFL não existem. Ele também classificou como absurda a proposta de utilizar um porcentual da Desvinculação das Receitas da União (DRU), para conseguir o dinheiro do mínimo.
"O aumento do salário mínimo pode ser dado cortando outras despesas", ponderou Goldman. Ele recorda que o relator do Orçamento, deputado Carlos Melles (MG), que é do PFL, poderia diminuir despesas adicionais como R$ 1,5 bilhão para Ministério dos Transportes e R$ 1 bilhão do Ministério da Integração Nacional, duas pastas ligadas ao PMDB. "Quem comanda o orçamento é o PFL; portanto, cabe ao partido priorizar os interesses do País", alfinetou o deputado.