Gilson Ximenes defende suspensão dos leilões
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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000
por Venilson Ferreira
São Paulo, 10 (AE) - O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes, defendeu hoje a suspensão dos leilões de café dos estoques oficiais para atender o abastecimento interno. Na opinião de Ximenes, o governo deve passar a administrar os estoques para evitar a falta de café na próxima safra. Segundo ele, os estoques atuais de aproximadamente 7 milhões de sacas serão insuficientes para atender ao mercado interno e às exportações, uma vez que a produção na safra 2000/2001 ficará abaixo das 28,9 milhões de sacas da primeira estimativa divulgada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Ximenes defende que o governo volte a comprar café para recompor os estoques, a fim de que as exportações não sejam prejudicadas na próxima safra. O líder dos cafeicultores classificou como irresponsável e "falta de patriotismo" a previsão de produção de 31 milhões de sacas feita pela Unicafé, maior firma exportadora de café do Brasil. Ximenes atribui a queda atual dos preços do café a ações especulativas e diz que "na hora em que eles vêem o tamanho do estrago que a seca provocou na safra os preços vão reagir".
Além da estiagem que prejudicou a florada e levou a má formação dos frutos, as chuvas torrenciais de janeiro também causam prejuízos nas lavouras, pois provocaram queda dos chumbinhos, diz Ximenes. Para um broker entrevistado pelo Agência Estado, o movimento das cooperativas para suspender os leilões já era esperado, uma vez que toda programação foi feita levando em conta que os preços do café a partir de janeiro atingiriam patamares mais elevados que os atuais. Segundo ele, muitas firmas exportadoras compraram café em dezembro esperando alta em janeiro e agora estão realizando prejuízo. As exportações de café relativas ao mês de janeiro, com embarques até o dia dia 7 último, somam 1.065.042 sacas, volume inferior às 1.725.868 sacas embarcadas até o mês período do mês passado.