Rio, 12 (AE) - O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), reafirmou hoje, desta vez publicamente, que entregará o mandato ao partido - ou seja, renunciará ao cargo - se receber da sua direção um documento dizendo que descumpriu alguma diretriz partidária. A declaração fora feita pela primeira vez reservadamente na reunião do conselho político do PDT, na véspera, que Garotinho abandonou intempestivamente. A crise foi contornada com um acordo entre seguidores do governador e do presidente do PDT, Leonel Brizola. O acerto suspendeu reuniões do diretório regional, ontem, e do grupo de Garotinho, amanhã (13).
"Estavam me acusando de não respeitar as diretrizes do partido", disse Garotinho. "Aí eu virei e falei: Me mostra uma diretriz que não cumpri que eu devolvo meu mandato: bota no papel, assina e me entrega, que eu assino do lado de cá". O governador, que ainda demonstrava agitação, deu detalhes sobre o tenso encontro na sede do partido, ontem. "Não fica de blá-blá-blá não", disse". Bota no papel e assina, para assumir a responsabilidade". Com a ameaça, Garotinho conseguiu fazer Brizola, que o acusara de traição, recuar e suspender a reunião do diretório da noite de sexta-feira, que oficializaria a decisão de ter candidato próprio à prefeitura do Rio. A tese é combatida pelo governador, defensor do apoio à vice-governadora Benedita da Silva (PT). Garotinho disse que quem venceu foi a "democracia" do partido. "O processo de democratização do PDT é irreversível", afirmou.
A reunião que seria feita amanhã no Rio pelo grupo de Garotinho, que provavelmente se constituiria como tendência, foi apenas suspensa, mas vai acontecer. Segundo o governador, integrantes de seu grupo político vão se reunir na próxima terça-feira para decidir uma nova data para o encontro.
Garotinho reivindica a constituição de um diretório municipal na cidade do Rio de Janeiro, a constituição de núcleos e que as decisões do PDT, centralizadas por Brizola, sejam tomadas com mais participação do restante do PDT. Na reunião do conselho político, Garotinho se recusou a assumir o compromisso público de aceitar a decisão do partido sobre candidatura a prefeito do Rio fosse qual fosse.