Rio, 07 (AE) - O governador Anthony Garotinho e o prefeito Luiz Paulo Conde assinaram hoje o polêmico convênio para urbanizar a favela Dona Marta, em Botafogo, na zona sul do Rio. A princípio rejeitado pela comunidade do morro, que não gostou da idéia do governo estadual de erguer 45 prédios no lugar dos barracos, o projeto atual prevê o reassentamento de pessoas que moram em áreas de risco, além de melhorias na infra-estrutura da favela. Serão investidos R$ 20 milhões.
O presidente da associação de moradores do morro, Moacir Joaquim Neto, afirmou que, apesar do conflito inicial com o governo, a comunidade - de cerca de 7 mil pessoas - está satisfeita com o programa. "Estávamos nervosos porque não queríamos deixar nossos barracos para viver em cubículos, mas agora todos estão satisfeitos", disse. O programa escolhido se assemelha ao Favela-Bairro, promovido pela prefeitura do Rio. Conde e Garotinho afirmaram, em seus discursos, que "as divergências foram superadas em benefício dos moradores".
Município e Estado gastarão, cada um, R$ 10 milhões, em obras de saneamento básico (com instalação de esgoto sanitário, água potável e drenagem) e ainda melhorias na rede de distribuição de energia elétrica, reflorestamento e delimitação do espaço ocupado pelo morro, para conter a expansão das construções. Está prevista também a criação de áreas de lazer.
Dificuldades - O presidente da Companhia Estadual de Habitação (Cehab), Eduardo Cunha, disse que, apesar das grandes dificuldades que o Dona Marta apresenta (provocadas pela ocupação desordenada e a geografia local), será possível concluir o programa em até dois anos.
Para a vice-governadora do Estado, Benedita da Silva, o entendimento entre os governos "serviu para atender aos anseios da população". "Até aqui o que acontecia era apenas a remoção de moradores", disse. "Hoje todos vêem que vamos além da simples promessa, o que não ocorreu em gestões anteriores."
A comunidade da favela vem sofrendo com a falta de investimento dos governos há muitos anos. Desabamentos são comuns (os mais graves ocorreram nos anos de 1966, 1969 e 1986), assim como incêndios - provocados pela precariedade das instalações elétricas.