Rio, 29 (AE) - O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), demitiu hoje da presidência da Empresa de Processamento de Dados do Estado (Proderj) o petista Sérgio Rosa - que denunciou contratos sem licitação e suposto lobby pró-empresas privadas no órgão -, e deu um ultimato: ou o partido aprende a trabalhar ou sai do governo.
A definição sobre a permanência ou a saída da legenda deverá ser tomada amanhã (30), em reunião do governador com o presidente nacional do partido, deputado José Dirceu (SP), que vai ao Rio discutir a crise.
"Eu sabia que existiam no PT as tendências Articulação e Refazendo; agora, descobri que há outra corrente: a Desmentindo, que calunia num dia e desmente no outro", ironizou o pedetista. Na semana passada, o subsecretário de Planejamento, Élvio Gaspar, também petista, denunciara suposta associação de funcionários do governo com empreiteiras para criar dificuldades à liberação de pagamentos a fornecedores. No dia seguinte, Gaspar recuou das acusações.
As declarações de Garotinho marcaram um dia de aprofundamento da crise entre o PT e o governo. Petistas que apóiam a candidatura da vice-governadora Benedita da Silva, da Articulação, à prefeitura, reuniram-se hoje na Vice-Governadoria para avaliar o quadro. Foi levantada até a possibilidade de Benedita retirar a candidatura se o partido sair do governo, como exige a bancada na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O presidente regional do PT, Carlos Santana, disse hoje que só parte da Articulação defende a permanência no governo. O parlamentar afirmou considerar "morto" o acordo firmado com Garotinho em novembro, que garantiu que o PT ficasse. "Minha posição é a da convenção", afirmou, referindo-se ao 18.º Encontro Estadual do PT, que aprovou a saída do governo, em outubro.