O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP-PR (Ministério Público do Paraná), denunciou 152 pessoas por participar de uma facção criminosa que atuava na PEL 1 (Penitenciária Estadual de Londrina). A maioria deles já estava cumprindo pena por outros crimes, tanto em regime fechado quanto aberto, e agora tiveram um novo mandado de prisão preventiva decretado por organização criminosa. Apenas uma pessoa é considerada foragida.

Em coletiva na manhã desta terça-feira (27), o promotor de Justiça Jorge Barreto explicou que as 152 pessoas foram denunciadas por organização criminosa e tiveram o mandado de prisão preventiva cumprido nas últimas semanas como parte da Operação Apocalipse.

O trabalho de investigação começou ainda em 2023, quando os agentes tiveram acesso a um livro com informações pessoais, como nomes e endereços, que indicavam os possíveis integrantes da facção. Na época, a operação ficou conhecida como White Book.

A partir daí, as equipes de inteligência do Gaeco, do 2° CRPM (Comando Regional da Polícia Militar) e do SOE (Setor de Operações Especiais) da Polícia Penal trabalharam com os dados para identificar todos os envolvidos na organização criminosa que atuava na PEL 1. A Operação Apocalipse é um desdobramento da White Book.

CARGOS E REGALIAS

De acordo com a investigação, cada um desses membros exercia um determinado cargo na organização criminosa, como o comércio de drogas, o de guarda de armas de fogo ou até o agenciamento de novos integrantes. Segundo o promotor, os detentos eram pressionados a integrarem a facção criminosa ou a colaborarem financeiramente com o grupo sob ameaça contra familiares. Depois de faccionados, eles recebem “regalias”, como proteção dentro da cadeia.

A maior parte dos denunciados já estava preso na PEL 1, mas alguns cumpriam a pena em liberdade condicional. Agora, de acordo com Barreto, todos estão presos preventivamente em regime fechado. Neste momento, os criminosos foram denunciados por organização criminosa, mas já respondem por diversos outros crimes cometidos anteriormente, como tráfico de drogas, homicídio, latrocínio, entre outros.

O tráfico de drogas e de armas era feito por membros de fora do presídio, mas que mantinham comunicação com os demais integrantes presos em regime fechado através de mensagens passadas durante as visitas. O promotor reforça que não foi identificada a participação de nenhum agente de segurança no crime.

Ele garante que não é possível afirmar o índice de presos faccionados em Londrina, já que o número é bem volátil, mas que na época das investigações pelo menos metade dos detentos da PEL 1 integrava a organização criminosa.

IDENTIFICAÇÃO DOS NOMES

À frente do 2°CRPM, o tenente-coronel Jeferson Agenor Busnello ressaltou o trabalho de muitas décadas da PM no combate às organizações criminosas, principalmente através do setor de inteligência. Nessa operação, a Polícia Militar teve um papel fundamental na identificação dos nomes e de dados pessoais, como os endereços, que ligavam os envolvidos às organizações criminosas. “Nós vamos juntando as peças e montando o quebra-cabeça para que possamos tomar as medidas judiciais”, explica.

A investigação segue em andamento, já que novas provas podem indicar a participação de outros criminosos. Ele reforça também a importância da participação da comunidade em denunciar qualquer irregularidade.

Apesar de estarem presos em Londrina, os denunciados são de várias cidades do Norte, Norte Pioneiro e até do Vale do Ivaí. “Você vai desarticulando essas quadrilhas para que elas não criem raízes na nossa região”, reforça.

Em relação ao criminoso que está foragido, Busnello aponta que a informação é de que ele já esteja em outro estado, mas que a PM do Paraná já está em contato com outras corporações.

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