São Paulo, 12 (AE) - A Associação Brasileira para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (Bioamazônia) e o Banco Axial formalizarão, no dia 21, um consórcio para a constituição de um fundo destinado ao financiamento de pesquisas científicas envolvendo a biodiversidade da Amazônia. O Fundo Permanente para a Biodiversidade da Amazônia, como está sendo chamado o produto, deverá ser estruturado nos próximos dois anos
mas já conta com um capital de US$ 1 milhão, 50% doados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e 50% do United Nations Fund, de acordo com Wanderley Messias da Costa, diretor-geral da BioAmazônia.
Segundo Costa, uma das possíveis aplicações do novo fundo será servir como elo entre as empresas privadas interessadas em desenvolver produtos e negócios a partir dos resultados das pesquisas e a Bioamazônia. A organização, integrada basicamente por institutos de pesquisas e laboratórios de universidades, é o braço operacional do Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para Uso Sustentável da Biodiversidade (Probem), do Ministério do Meio Ambiente, que deverá consumir investimentos de R$ 48 milhões.
O Probem tem o objetivo de tornar viáveis pesquisas para identificar e explorar a rica biodiversidade da Amazônia, que oferece enorme potencial às indústrias farmacêutica e de cosméticos. Além disso, a meta é patentear a propriedade de todo o conhecimento obtido e evitar que seja contrabandeado pela biopirataria. A Bioamazônia está investindo nesse ano R$ 4,8 milhões na construção de um centro de biotecnologia, que será dotado de 23 laboratórios, para dar suporte às pesquisas. O centro, localizado em Manaus (MA), deverá estar pronto nesse ano.
De acordo com Costa, o fundo será inspirado no Alaska Permanent Fund, criado após o desastre ecológico provocado pelo gigantesco vazamento de óleo do petroleiro Exxon Valdez, no Alasca. Esse fundo, destinado a financiar o monitoramento ambiental daquela região, é constituído por cobranças de taxas junto a empresas petrolíferas. "A filosofia deverá ser a mesma, até mesmo com a possibilidade de remunerar as comunidades da Amazônia, que atuarão na bioprospecção, da mesma forma que o fundo do Alasca distribui dividendos para os esquimós", acrescentou Costa.