Funcionários encerram greve na Santa Casa de Itapetininga
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terça-feira, 11 de janeiro de 2000
por José Maria Tomazela
Sorocaba, SP, 11 (AE) - Depois de 64 dias em greve, os 350 funcionários da Santa Casa de Itapetininga, a 160 quilômetros de São Paulo, retornaram hoje (11) ao trabalho. Eles decidiram pelo retorno, em assembléia realizada ontem à noite, depois que a diretoria do hospital comprometeu-se a pagar os salários atrasados de outubro e novembro. Foi a mais longa greve já registrada no setor hospitalar do Estado, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Itapetininga e Região. O recorde anterior era de um hospital de Campinas, que permaneceu em movimento grevista durante 58 dias, em 1996.
O salário de novembro está sendo pago hoje e o de dezembro, em duas parcelas, nos dias 19 e 25 próximos. Parte dos recursos, que totalizam R$ 185 mil, foi repassada pela prefeitura. A cooperativa médica Unimed, que utiliza o hospital, emprestou R$ 60 mil e a direção da Santa Casa completou o restante. O pagamento do 13o. salário ainda está sendo negociado.
Segundo o sindicato, os trabalhadores conseguiram 120 dias de estabilidade no emprego, pagamento dos dias parados e garantia de que os grevistas não serão punidos. A greve paralisou os setores de enfermaria, limpeza, cozinha, escritório e pronto-socorro, que absorvem 70% dos funcionários. O corpo clínico, composto por cerca de 100 médicos, e a lavanderia, que é terceirizada, não aderiram ao movimento.
Os casos urgentes continuaram sendo atendidos, mas as cirurgias e outros atendimentos foram transferidos para postos de saúde e hospitais de cidades vizinhas. A diretoria da Santa Casa concordou em abrir a instituição para uma auditoria das contas dos últimos dez anos. Há proposta de que o hospital passe a ser administrado por um conselho gestor, integrado por pessoas da comunidade, Câmara, Prefeitura e outros órgãos públicos. Em troca, o hospital receberia cerca de R$ 1 milhão correspondente a verbas de salários do prefeito, vice-prefeito e 19 vereadores que foram retidas pela justiça, em ação popular movida contra o reajuste dos salários desses agentes políticos. Falta a concordância de apenas três vereadores para que a transferência da verba seja definida.