A fuga dos 75 presos na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na madrugada deste domingo (19), mobilizou as forças de segurança brasileiras, inclusive no Paraná. Segundo informações do governo do estado, os esforços se concentraram no CIISPR- Sul (Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública – Regional Sul), em Curitiba, apesar de a ação dos criminosos ter acontecido próxima à cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Por ordem do Ministério da Justiça e Segurança Pública, toda a fronteira entre o país e o estado foi fechada, no entanto, a mesma medida não foi tomada no Paraná.

Imagem ilustrativa da imagem Fuga em presídio no Paraguai mobiliza Centro de Segurança no Paraná
| Foto: Norberto Duarte / AFP

A maior parte dos fugitivos são membros da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), que tem ampla participação no tráfico de drogas no Paraguai. O governo paraguaio informou que são 40 presos brasileiros e os demais, paraguaios. Alguns são considerados de grande periculosidade, o que fez o país vizinho permanecer em alerta máximo.

Entre os que conseguiram fugir estariam oito criminosos ligados ao grupo do narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido como Minotauro. As informações preliminares ainda dão conta que as principais lideranças da facção na fronteira com o Paraguai conseguiram escapar.

REAÇÃO

Por parte do governo brasileiro, ministro Sergio Moro, responsável pela pasta, se pronunciou sobre o caso através de sua conta no Twitter. “Estamos trabalhando junto com as forças estaduais para impedir a reentrada no Brasil dos criminosos que fugiram de prisão do Paraguai. Se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal”, escreveu.

Em primeira medida, a Coordenação Geral de Fronteiras do Ministério alertou o pessoal que faz parte da Operação Horus – que combate o contrabando nas fronteiras – em especial às polícias do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já o DINT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) divulgou alerta por toda a região. O governo do Mato Grosso do Sul enviou cerca de 200 policiais para reforçar a segurança da fronteira.

TÚNEL

Apesar de os policiais paraguaios terem encontrado um túnel que ligava um dos pavilhões, voltados a presos brasileiros, à área externa da prisão, há a possibilidade de que tenham saído pelo portão principal do complexo. “Foi encontrado um túnel e acreditamos que foi um recurso enganoso para legitimar ou maquiar a liberação dos presos. Há cumplicidade com as pessoas de dentro da prisão e esse é um fenômeno que acontece em todas as penitenciárias”, afirmou o ministro do Interior do Paraguai, Euclides Acevedo, em nota.

A suspeita é que a facção criminosa tenha comprado a sua fuga – circulam informações, segundo a ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez –, de que o pagamento pode ter sido de US$ 80 mil. Como medida imediata, ela ordenou a destituição do diretor da penitenciária e de outros funcionários, além de ter colocado seu cargo à disposição. “A responsabilidade política do ministério é minha”, afirmou Pérez, em coletiva de imprensa.

CONFLITO

No ano passado, sob o argumento de “níveis críticos de violência” e ações da facção criminosa PCC na região da fronteira com Pedro Juan Caballero, o MPF (Ministério Público Federal) decidiu fechar o seu prédio em Ponta Porã e transferir suas atividades para a cidade de Dourados (MS), a 120 km de distância. Em 2016, um traficante brasileiro que era chefe do narcotráfico na região foi morto em um ataque na cidade paraguaia que envolveu até o uso de metralhadora antiaérea. A polícia ligou a ação ao PCC, que buscava se estabelecer no território (Com Folhapress).