Davos, 29 (AE) - O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse hoje em Davos, na Suíça, que o total de investimentos estrangeiros diretos no Brasil deve superar a marca dos US$ 25 bilhões neste ano. "A estimativa oficial é de 25 bilhões de dólares, mas diante do quadro atual eu acho que esse número vai ser maior", disse Fraga durante uma entrevista a dez jornalistas estrangeiros no Fórum Economico Mundial.
Fraga voltou a repetir que o Brasil está preparado para uma eventual elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, que deve ser anunciada no início da próxima semana pelo Federal Reserve, o banco central americano. "O aumento na taxa de juros nunca é um fator agradável, mas a economia brasileira está robusta e não vai ser prejudicada." O presidente do BC previu que o Brasil deve atingir um superávit comercial de US$ 5 bilhões no ano 2000.
BANESPA - Fraga disse que ainda não há um preço mínimo para o Banespa. "Nossos analistas estão concluindo seus estudos", afirmou.
O diretor do BC manteve durante o terceiro dia do evento em Davos uma série de encontros privados com autoridades e investidores estrangeiros, entre eles Ernst Welteke, presidente do Bundesbank, o banco central alemao. "Estou apenas atualizando com eles a situação da economia brasileira e até agora a receptividade vem sendo muito boa", disse Fraga.
CONSTRANGIMENTO - A reunião-almoço "Is Brazil making it?", realizada no hotel Schweizerhofr, e que contou com palestras de Fraga e do presidente do BNDES, Andrea Calabi, atraiu poucos estrangeiros. Dos cerca de 40 participantes, apenas 11 não pertenciam à delegaçao brasileira, integrada por empresários, banqueiros e jornalistas. Fraga, Calabi e o presidente do FleetBoston Global Bank, Henrique de Campos Meirelles, fizeram, em inglês, um resumo da situação econômica no Brasil.
Outro palestrante, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), chegou cerca de 30 minutos atrasado ao encontro. "Se eles enviaram US$ 30 bilhões para o Brasil no ano passado e não se preocuparam em aparecer no almoço é um sinal de que o Brasil vai muito bem", comentou Fraga. Um empresário brasileiro disse a Agência Estado que o evento deveria ter sido melhor planejado e que causou constrangimento entre os participantes.
ELOGIOS - A condução da economia brasileira continua sendo muito elogiada pelos participantes do Forum Economico Mundial em Davos. O economista norte-americano Rudi Dornbusch disse que agora a economia brasileira parece estar nos eixos". Dornbusch elogiou Fraga. "Ele é quase tão bom como o Greenspan", disse, referindo-se ao presidente Federal Reserve. "O Fraga é uma pessoa que, por sua capacidade profissional, atrai muita admiração no mercado internacional. Todo mundo quer que ele obtenha sucesso no comando do BC."
Dornbusch, que no encontro do ano passado em Davos havia defendido a adesão do Brasil ao sistema de "currency board", disse que agora, com a mudança do quadro da economia brasileira, essa decisão pode ser tomada com mais calma. "Mas eu vou ficar muito surpreso se em dez, quinze anos o Brasil ainda estiver atrelado ao atual sistema cambial. Com a melhora da economia, a adoção do currency board não é tão urgente, mas tem que ser promovida", disse Dornbusch.