Sob um clima de forte comoção foram sepultados, na manhã deste sábado (16), os corpos das quatro crianças mortas em um atropelamento, na última quinta-feira (14), no distrito de São Luiz, na região sul de Londrina. A missa celebrada no encerramento do velório, na Paróquia São Luiz Gonzaga, foi acompanhada por centenas de pessoas, entre familiares, amigos, alunos e funcionários das instituições onde estudavam as crianças, além de membros da comunidade. Às 9 horas, o cortejo fúnebre seguiu em direção ao cemitério distrital, onde foram realizados os enterros.

Em um misto de dor, tristeza e indignação, Cícero Gomes, tio dos gêmeos Adrian e Vinícius Moraes Bueno, sete anos, mortos no acidente, disse que a família tem encontrado conforto em Deus e nos amigos. “Acabou com a família da gente. Só Deus mesmo e os amigos. Se não fossem eles, não sei o que seria da gente. É uma ferida que nunca vai cicatrizar. São Luiz inteiro está de luto. A gente tenta pelo menos dar uma aliviada nessa ferida que está arrebentando o peito da gente”, disse ele, pouco antes do sepultamento.

Imagem ilustrativa da imagem Forte comoção marca o enterro das quatro crianças em São Luiz
| Foto: Roberto Custódio

“A lembrança que a gente vai guardar deles é vê-los saindo da escola, passando ali. É a imagem que a gente tem e nunca vai esquecer, a lembrança de ver eles crescerem”, comentou Gomes, que também afirmou esperar que seja feita justiça em relação ao condutor do veículo que atropelou as crianças. “Tem que rezar para que Deus abençoe ele e coloque na cabeça dele a lambança que ele fez, acabou com a nossa família. Espero que a justiça seja feita. Ele tem que pagar pelo que fez.”

LEIA TAMBÉM:

= Em meio a dor, familiares e moradores pedem mais segurança no distrito de São Luís

“A morte de quatro pessoas de uma vez já abala qualquer um. Imagina a morte de quatro crianças de uma vez. Isso destrói a gente por dentro. É muito triste. Deus precisa tocar muito os corações dessas duas famílias neste momento, para que tenham força. Os moradores todos de São Luiz estão de luto”, disse uma moradora do distrito.

Imagem ilustrativa da imagem Forte comoção marca o enterro das quatro crianças em São Luiz
| Foto: Roberto Custódio

Além dos gêmeos Adrian e Vinícius, morreram no acidente as irmãs Kelly Gonçalves Máximo Silva, seis, e Kemilly Gonçalves da Silva, 11. Adrian, Vinícius e Kemelly estudavam na Escola Municipal Francisco Aquino Toledo. Kelly era aluna do Centro Municipal de Educação Infantil João Rampazzo. Uma quinta vítima, uma adolescente de 15 anos, sobreviveu.

As crianças foram atingidas pela Kombi conduzida por um idoso de 73 anos que trabalhava vendendo material de limpeza nos distritos da zona sul. O acidente ocorreu no final da tarde, logo após o término das aulas, quando elas retornavam para suas casas a pé, pela margem da PR-538, rodovia que corta o distrito de São Luiz.

O condutor do veículo também voltava para casa, na zona norte de Londrina. Ele chegou a ser detido e foi liberado no dia seguinte. Às autoridades, o responsável pelo atropelamento alegou que o sol havia prejudicado a sua visibilidade. No trecho onde aconteceu o acidente não tem calçamento e a pista faz uma leve curva.

Imagem ilustrativa da imagem Forte comoção marca o enterro das quatro crianças em São Luiz
| Foto: Roberto Custódio

'VAI SER UM DIA BEM DIFÍCIL'

Diretora do CMEI João Rampazzo, Edna Maria da Cunha Fonseca, disse que será difícil esquecer da tragédia, que abalou todo o distrito de São Luiz. “Acredito que segunda-feira vai ser um dia bem difícil, retornar para a escola. A escola municipal sem as três crianças e o nosso CMEI sem uma delas. Uma tristeza imensa, um sentimento que a gente não acha nem palavras para expressar.”

Na sexta-feira (15), dia seguinte ao acidente, as atividades escolares foram suspensas e serão retomadas nesta segunda-feira (18). A diretora do CMEI acredita que entre as crianças da creche o retorno às aulas deverá ser um pouco menos difícil pela pouca idade dos alunos, mas ainda assim, haverá uma preparação para receber de volta os estudantes.

“Tenho certeza de que na escola vai ser mais difícil. Os alunos são maiores, muitas crianças choraram muito durante o velório. A gente já presenciou muitas cenas difíceis com os alunos da escola, que são maiores.” Fonseca disse contar com o apoio da Secretaria Municipal de Educação na volta das atividades escolares.