Enquanto a Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública) comemora a queda no número de mortes violentas no primeiro trimestre do ano em 14 AISP (Áreas Integradas de Segurança Pública) do Paraná, servidores das forças de segurança denunciam uma realidade de trabalho bem menos positiva. Uma carreata organizada por profissionais insatisfeitos com a ausência da reposição salarial e com as condições de trabalho foi realizada em Londrina na manhã desta terça-feira (25).

Policiais percorreram as principais vias do centro para cobrar reposição de 30%
Policiais percorreram as principais vias do centro para cobrar reposição de 30% | Foto: Gustavo Carneiro

Reunidos na 10ª SDP (Subdivisão Policial), policiais de diversas categorias, além de delegados, papiloscopistas, escrivães ergueram faixas e bandeiras nos próprios veículos para apresentar a pauta de reivindicações. Eles partiram pela rua Sergipe em direção à avenida Higienópolis e percorreram as principais vias do centro de Londrina.

Manifestações foram organizadas pela UFS (União das Forças de Segurança) em outros cinco municípios: Curitiba, Cascavel, União da Vitória, Guarapuava e Pato Branco. O protesto foi organizado pela UFS (União das Forças de Segurança), que engloba sindicatos como o Sidarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Estado do Paraná), Sinclapol (Sindicato das Classes Policiais do Estado do Paranpa), Sidepol (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná) e Sinpoapar (Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná) e associações como a Adepol (Associação dos Delegados de Polícia do Paraná).

De acordo com o presidente da Adepol, Daniel Prestes Fagundes, os servidores vivem a "pior" crise da história em relação às condições de trabalho. "Crise de recursos humanos, de acúmulo de serviço, quase uma escravidão disfarçada", lamentou.

À FOLHA, o presidente do Sinclapol, Kamil Salmen, avaliou que o Estado conta com a metade do efetivo ideal para o monitoramento de delegacias, atendimento de diligências e no atendimento à população. "Infelizmente, perdemos policiais para a Covid-19, policiais que estão se suicidando ou morreram sozinhos trabalhando com a própria arma", lamentou.

Ele também afirmou que todos os servidores acumulam déficit nos vencimentos, que chegam a 30% por conta da não reposição da inflação. "Desde 2016, os governos não pagam a data-base. Já chegamos a 30%. Significa que em um ano de trabalho, nós recebemos nove meses. Só que ele não faz isso com os servidores do Legislativo e Judiciário. Estamos querendo que eles nos atenda", lamentou.

Questionado sobre a justificativa dada pelo secretário de estado da Segurança Pública, Rômulo Marinho, de que o Estado está proibido de conceder reajustes devido à pandemia da Covid-19, ele disparou que o problema não é a falta de recursos.

"Acabaram de passar hoje (terça-feira) que o Paraná teve um superávit de R$ 3 bilhões, e não é que ele não quer pagar, ele não quer conversar. Queremos que a população entenda que os servidores estão doentes. A população precisa saber que quanto melhores as condições, mais bem servida estará a população", avaliou.

A afirmativa é em relação às informações prestadas à Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) pelo secretário estadual da Fazenda, Renê Garcia Júnior, de que o Estado fechou os quatro primeiros meses do ano com superávit primária (receitas menos despesas) de R% 3,6 bilhões.

Há menos de um mês, Ratinho Júnior (PSD) autorizou o pagamento de diárias aos policiais civis e militares do estado como forma de aumentar o policiamento ostensivo. A medida foi tomada uma vez que os concursos públicos tiveram que ser reagendados diante do avanço da Covid-19 no Estado e, segundo o governo, seria mais rápido autorizar as diárias do que esperar a convocação dos novos aprovados.

"Todos os policiais trabalham mais do que 40 horas. Devia se pensar no lado da polícia como um doente que está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e atacar a razão da doença e não um paliativo como este", comparou.

A FOLHA aguarda retorno da assessoria de comunicação da Sesp sobre a pauta de reivindicações dos servidores e atualizará a reportagem assim que for atendida.

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