As equipes de inteligência da PM (Polícia Militar) trabalhavam neste final de semana para identificar e inibir qualquer movimentação atípica que pudesse indicar uma tentativa de invasão do Residencial Alegro Village, no conjunto Jamile Dequech (zona sul de Londrina). Na sexta-feira (1), as forças de segurança tiveram de intervir quando um ônibus chegou ao local levando pessoas dispostas a invadir o empreendimento. A obra foi iniciada em 2014 com prazo de conclusão para 2017, mas até hoje não foi entregue.

Neste domingo, viaturas circulavam pelo bairro e, segundo o comandante do 5 Batalhão da PM, tenente-coronel Marcos Tordoro, os trabalhos de prevenção contavam com o apoio da Guarda Municipal. “Estamos observando a movimentação e trabalhando com as equipes de inteligência para nos antecipar, em conjunto com a GM”, disse. “Estamos agindo por acionamento e patrulhando as imediações do local.”

Vigilantes de uma empresa prestadora de serviço para a Caixa Econômica Federal foram destacados para fazer a segurança do empreendimento durante 24 horas. A Caixa é a instituição representante do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), de onde saíram os recursos para a execução do empreendimento.

Como medida preventiva, a Caixa também conseguiu na Justiça Federal, em junho deste ano, um interdito proibitório com o objetivo de obter provimento jurisdicional adequado para possibilitar a continuidade das obras e a entrega das unidades aos beneficiários cadastrados pela Prefeitura de Londrina. A solicitação à Justiça foi feita após a Caixa receber uma denúncia de que um plano de invasão estaria em curso. A penalidade para quem descumprir a medida judicial é multa diária no valor de R$ 1 mil por invasor. Uma cópia do documento foi afixada na entrada do residencial.

MONITORANDO

Na sexta-feira, ao tomarem conhecimento da tentativa de invasão, beneficiários do empreendimento foram até o local. Eles estavam acompanhados do vereador Roberto Fú (PDT), que tem seu colégio eleitoral na zona sul e lidera um grupo formado pelos contemplados com uma unidade habitacional no Residencial Alegro Village. “Conseguimos informações de que eles (invasores) estariam indo para lá e comunicamos a PM, a GM, a Caixa e a Cohab (Companhia de Habitação de Londrina). Quando chegaram lá, já tinha duas viaturas da PM no local”, contou o vereador.

Segundo Fú, os invasores seriam moradores de uma área de invasão na zona sul para a qual há pedido de reintegração de posse. “A gente está monitorando essa obra há bastante tempo, conseguimos abortar a invasão, mas estou preocupado porque já estão comentando uma nova data para invadirem o residencial.”

O vereador disse que iria solicitar para esta segunda (4) ou terça-feira (5) uma reunião com a Cohab, a Caixa, e o proprietário da construtora responsável pela finalização da obra. “A construtora, quando assumiu, tinha 12 meses para finalizar essa obra. Já se passaram mais de 50 meses.”

MENOS DE 3% PARA CONCLUSÃO

O Residencial Alegro Village começou a ser construído em 2014 com recursos do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial) por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. A promessa era que a obra seria concluída em 2017, mas quase dez anos depois de ser iniciada, o empreendimento segue inacabado e 144 famílias esperam a entrega das unidades habitacionais. Segundo a Caixa Econômica Federal, faltam menos de 3% para o projeto ser finalizado.

A obra foi paralisada em razão do decreto de falência da empreiteira responsável. Em 2019, uma nova construtora foi contratada para retomar o projeto e a expectativa era de que fosse concluído em 12 meses, mas o novo prazo também deixou de ser cumprido.

O residencial ocupa uma área de 7,5 mil metros quadrados, na entrada do conjunto Jamile Dequech (zona sul). O empreendimento tem 144 apartamentos, distribuídos em nove blocos com quatro andares cada um. As unidades têm 43 metros quadrados, divididos em dois quartos, banheiro, sala e cozinha conjugadas e uma vaga de garagem.

As famílias que vão residir no empreendimento foram selecionadas pela Cohab em 2017