Fim do horário de verão pode causar desconforto nos primeiros dias
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sábado, 17 de fevereiro de 2018
Carolina Avansini <br> Reportagem Local
O horário de verão chega ao fim à meia-noite de sábado (17) para domingo (18). Para quem sofre ao acordar cedo, a notícia é motivo de comemoração. Já as pessoas que preferem aproveitar a luz do sol até mais tarde lamentam o fim do horário diferenciado que começou a vigorar há três meses em dez Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, e cujo objetivo é aliviar a demanda por energia no horário de pico, entre 18 e 21 horas, nesta época do ano em que os dias são mais longos nas regiões tropicais.
O fim do horário de verão também provoca alterações no organismo e pode causar desconforto principalmente para quem tem a rotina mais regrada. Segundo a clínica geral e geriatra do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Rossana Maria Russo Funari, o processo de adaptação é mais difícil para as pessoas com horários certos para se alimentar e dormir.
"Se a pessoa costuma acordar muito cedo para trabalhar, a mudança é mais perceptível. No fim do horário de verão, a tendência é dormir mais tarde, enquanto o relógio biológico está 'programado' para acordar mais cedo. Isso prejudica o rendimento", explica.
Sintomas como sonolência, enxaqueca, dor de estômago e até alteração do apetite podem ocorrer durante o processo de adequação do corpo, que, em média, dura sete dias. Para evitar esses problemas, a especialista indica preparar-se para dormir no horário de costume e evitar o consumo de bebidas que tirem o sono, como café, refrigerante e alguns tipos de chá que contêm cafeína.
AME OU ODEIE
O casal de advogados João e Fabiane Ouriques, de Londrina, está comemorando o fim do horário de verão. Como acordam muito cedo todos os dias, eles consideram que a hora "roubada" no início da manhã faz falta e atrapalha a rotina no resto do dia. "Estamos contentes por recuperar uma hora", brincam.
Essa é a mesma opinião da aposentada Rosana Sacchetto, que não dorme o suficiente nos meses de mudança e sente-se cansada no final do dia. "Me sinto melhor no horário tradicional", admite.
Já a auxiliar administrativa Giovana Martiusi recebeu com tristeza a notícia sobre o fim do horário de verão. "Trabalho até as 16 horas e meu dia rende muito depois disso, pois fica claro até bem mais tarde. Aproveito o tempo para estudar, lavar a calçada de casa... Prefiro o horário de verão", considera.
O vendedor Fagner Franco Martins pensa o mesmo. "Tenho a ilusão que tenho mais tempo no dia. Aproveito a claridade para fazer exercícios ou passear com meu cachorro", conta.
ECONOMIA
No Paraná, a demanda por energia tradicionalmente cai no horário de pico o equivalente à carga de um município do tamanho de Maringá. Essa redução contribui para evitar perdas de desempenho nas redes de transmissão. No longo prazo, conforme informações da Agência Estadual de Notícias, existem ganhos indiretos. Além de evitar o custo financeiro com o acionamento de usinas térmicas no fim da tarde, o horário de verão também permite que as hidrelétricas funcionem em regime normal, usando o fluxo dos rios, preservando a água que está em seus reservatórios.
Ao longo dos meses do horário de verão, houve redução de 0,5% do consumo de energia no Paraná. "Para o consumidor, dificilmente essa mudança será sentida na conta de luz, mas uma redução de 0,5% em um universo de milhões de consumidores deve ser incentivada e preservada porque se reflete, em última instância, em menos acionamento de unidades térmicas", explica o gerente de Operação de Sistemas de Alta Tensão da Copel, Nelson Cuquel.
HORÁRIO DE PICO
Nos últimos anos, o sistema elétrico brasileiro vem apontando para um novo horário de ponta, entre 14 e 15h30, por isso, o Operador Nacional do Sistema está reavaliando a adoção do horário de verão. "Mesmo com esse novo horário de ponta, o alívio de carga no final da tarde continua sendo benéfico para o sistema, pois agiliza recomposições e reduz a probabilidade de despacho de unidades térmicas, na medida em que proporciona maior eficiência no sistema", enfatiza Cuquel.
Além do Paraná, o horário de verão vigora no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.