RIO - O gari desempregado Argenil Pereira, de 42 anos, preso com fotografias em que aparece simulando atos libidinosos com meninas, acusou ontem o professor e intelectual francês Gerard Lébrun de ter encomendado as fotos. Lébrun afirmou que conhece Pereira, mas negou ter encomendado as fotos.
Pereira foi preso ao sair de um laboratório fotográfico. Segundo ele, as fotos seriam vendidas por R$ 500,00 para Lébrun. Ele disse que começou a tirar fotografias com meninas incentivado pelo professor. Duas meninas, de 7 anos e de 9 anos, disseram que recebiam R$ 1,00 e R$ 0,50 para posar.
Uma carta encontrada pela polícia compromete o filósofo. Pereira contou que, no mês passado, escreveu a Lébrun avisando que entregaria pessoalmente. Na resposta, mandada da França, com o nome do filósofo, está escrito: ‘‘Concordo 100% com a não expedição; seria burrice.’’ No mesmo parágrafo, o texto diz: ‘‘A gente pensa numa versão fim de século de Chapeuzinho Vermelho, desta vez com pressa de atender ao lobo e deixando o bicho estudar o cardápio.’’
A polícia encontrou duas das meninas que aparecem nas fotos. São duas irmãs, que moram perto da casa de Pereira. Pereira foi autuado no artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente. A pena para isso é de um a quatro anos de reclusão.
Morou no Brasil Francês de nascimento, Gérard Lebrun, de 66 anos, residiu no Brasil por 23 anos, sendo professor de Filosofia na USP e na Unicamp, além de escrever para jornais do Rio e de São Paulo, principalmente análises sobre os filósofos Hegel, Nietzsche, Foucault, Eros e Marcuse, entre outros. Muitos desses artigos foram reunidos em livros como ‘‘Passeios ao Léu’’, lançado pela Editora Brasiliense.
Formado em filosofia clássica pela Universidade de Paris, aluno e amigo de Michel Foucault, Lebrun veio ao Brasil pela primeira vez em inícios dos anos 60, ao saber do interesse da USP em contratar um jovem professor universitário. Lecionou também na África do Norte, Marrocos e na Argélia.