Fiéis esperam até 13 horas para ver padre Marcelo Rossi
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segunda-feira, 03 de janeiro de 2000
São Paulo, 02 (AE) - Os fiéis que quiseram garantir um lugar próximo ao palco da Missa da Paz 2000 enfrentaram pelo menos 13 horas de chuva e de frio antes do início da cerimônia. Lucilene Machado, de 27 anos, chegou com o filho, Fábio, de 11, às 22 horas do sábado e esperou na fila na frente do portão principal do Autodrómo de Interlagos. Às 7 horas, o menino, cansado, dormia recostado na grade que separava público e palco. De acordo com informações da segurança do evento, as pessoas começaram a chegar ao local às 17 horas do dia anterior.
Antes do início da missa, Maria da Glória Souza já cantava e dançava as músicas do último CD de padre Marcelo, repetido exaustivamente pela organização. "Vim rezar pra que Jesus tire a bebida e a má companhia do caminho dos meus filhos", contou Maria da Glória.
O Movimento Toma Atitude Zona Sul pela Não-Violência aproveitou a oportunidade para estender faixas pedindo mais lazer, cultura e esporte para os jovens da periferia. O coordenador do movimento, organizado pela comunidade da Capela do Socorro, no Grajaú, Luiz Carlos dos Santos, disse que estava ali para sensibilizar o bispo d. Fernando Figueiredo e o padre Marcelo sobre a questão da violência. Segundo ele, a Paróquia de Santo Amaro é omissa em relação ao assunto. "A fé por si só não vai resolver o problema", afirmou. "Estamos aqui para pedir que eles digam aos políticos, de quem estão próximos, que teatros e quadras esportivas vão ajudar os jovens a produzir cultura e não violência."
Apesar do anúncio da presença de vários artistas populares, na multidão o nome mais lembrado era sempre o do padre Marcelo. A telefonista Wanda Serralheiro, que há quatro anos acompanha as celebrações do padre no Santuário do Terço Bizantino, disse que não consegue mais chegar perto dele, de tão assediado que é. "Mas não acho isso ruim, porque ele está levando muita gente para Jesus", disse.
Natália Upton, de 68 anos, acredita que Rossi foi "enviado por Jesus para reunir o povo de Deus". Durante a missa, sem chuva, os fiéis redobraram a animação. Os lenços verdes e amarelos eram freneticamente agitados a cada verso cantado por Rossi. Acostumados a responder em coro às perguntas feitas pelo padre, os fiéis gritavam e batiam palmas mesmo durante a homilia feita por d. Fernando. Na hora da consagração, muitas pessoas ajoelharam-se no chão.
