FHC vai intensificar viagens ao interior para recuperar popularidade
PUBLICAÇÃO
sábado, 08 de janeiro de 2000
Por Gerson Camarotti, Isabel Braga e Gilse Guedes
Brasília, 08 (AE) - O presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu intensificar ações administrativas do seu governo para desanuviar o ambiente político de sua base aliada. A determinação foi dada na noite de sexta-feira durante uma reunião que durou seis horas com o seu grupo de articulação política, na fazenda do ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, a 50 quilômetros de Brasília. O assunto acabou entrando na reunião depois que a crise entre o presidente e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) acabou saindo na imprensa. A principal preocupação do presidente é recuperar sua popularidade. Por isso, irá intensificar as visitas pelo interior do País, divulgando obras do governo.
"Vamos cuidar da ação administrativa e sair da picuinha política", avisou o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF) na manhã de hoje. Num certo momento da reunião, quando o impasse entre ACM e o presidente foi colocado em discussão, o próprio Arruda fez uma ressalva. "Na prática, ACM tem ajudado o governo", ponderou o senador tucano. Foi com esse entendimento que o grupo resolveu não "valorizar o que a imprensa está dando destaque e cuidar das coisas que considera importante", segundo relato de Arruda.
A determinação de não responder as críticas de ACM foi mantida no encontro que também contou com a presença dos líderes do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), e no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), além dos ministros Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral), Pedro Parente (Casa Civil), Andréa Matarazzo (Secretaria de Comunicação), José Carlos Dias (Justiça) e os assessores Moreira Franco e Vilmar Farias. Na reunião, o presidente Fernando Henrique fez uma previsão positiva para a economia do País em 2000, lembrando que a inflação deverá mesmo ficar em 6%.
Segundo o ministro Pimenta da Veiga, a determinação do presidente para esse ano é intensificar suas viagens pelo Brasil. Como exemplo, Pimenta citou a excelente repercussão da passagem de Fernando Henrique em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, na semana passada, quando visitou cidades castigadas pelas chuvas. "O presidente vai se deslocar mais pelo País", disse Pimenta. "No episódio, o presidente demonstrou fazer um governo ágil e presente nas coisas importantes do País", reforçou Arruda. "É preciso acabar com aquelas solenidades mornas do Palácio do Planalto e ir para rua", completou o senador.
A idéia é visitar as obras do Brasil em Ação. Segundo um dos participantes do encontro, a decisão de sair de Brasília e percorrer o País é o resultado de avaliações de pesquisas de que a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso está muito baixa, apesar da sinalização positiva da economia. "É preciso restabelecer os níveis de confiança e popularidade que o presidente já teve", revelou a fonte.
"Não pode ser um presidente eleito, trancado no Planalto". A avaliação, é que no ano passado o presidente ficou preso na condução da crise econômica do País. Agora, com sinais positivos de crescimento, o presidente pretende começar de fato o seu segundo mandato. "No primeiro semestre de 1999 o governo viveu o seu momento mais crítico por causa da desvalorização do real", recordou Pimenta da Veiga. "Como o País superou esse problema, nós poderemos agora planejar ações positivas". Outra determinação do presidente foi que o governo não irá participar das eleições municipais em 2000. Fernando Henrique comunicou que não irá subir no palanque de nenhum candidato.