Brasília, 28 (AE) - O presidente Fernando Henrique Cardoso jantou na noite de quarta-feira (27) com um dos principais executivos do fundo de investimento de George Soros, o economista Armínio Fraga.
Estavam também presentes no encontro o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o presidente do Banco Central, Francisco Lopes e o ex- presidente do BNDES, André Lara Resende. Hoje (28), o porta-voz do Planalto, embaixador Sérgio Amaral, negou que Armínio vá integrar a equipe de governo. "Ele não volta ao governo e nem prepara coisa nenhuma", declarou Amaral, acentuando que "ele está de passagem pelo Brasil".
Amaral classificou ainda como "uma bobagem" os boatos de que Armínio poderia substituir Malan e reafirmou a confiança do presidente no ministro da Fazenda.
Apesar das negativas do Planalto, o encontro de Fernando Henrique com Armínio aumentou as especulaçäes sobre volta dele ao governo. Além de Fernando Henrique, o assessor do megainvestidor George Soros, esteve hoje com o presidente do Congresso, senador Antônio Carlos Magalhães, com quem tomou café da manhã. Na quarta-feira, Armínio Fraga almoçou com Malan e ainda participou de várias reuniäes no Banco Central.
Contribuição - Segundo o porta-voz do Planalto, o presidente "tem ouvido muitas pessoas que têm contribuição a dar nesse momento" e por isso ouviu Armínio Fraga. Fernando Henrique justificou ainda que é importante saber como os mercados internacionais estão acompanhando a reação que o Brasil teve à crise e o que esse setor acha das medidas que o Brasil tomou.
"Ele (Armínio) é uma pessoa inteligente, foi diretor do Banco Central e tem uma larga experiência internacional", justificou o presidente, por intermédio de Amaral.
O tema do jantar, de acordo com o embaixador, foi "a conjuntura econômica". "E o presidente registra que na conversa se manifestou um claro consenso, em que não há razão para colocar em questão a possibilidade de o governo fazer face à sua dívida interna", afirmou Amaral, após acentuar que o governo continuará a rolar a sua dívida interna e certamente honrará com todos os seus compromissos.
No jantar eles avaliaram ainda que o ajuste fiscal está caminhando bem e a dificuldade que subsiste ainda está na restauração da confiança que venha a fazer com que se equilibre os fluxos externos de recursos. Os boatos e a insegurança foram considerados naturais por Amaral.
Indagado sobre a possibilidade de mais tarde, ser confirmado o ingresso de Armínio Fraga na equipe econômica, já que o ditado diz que onde há fumaça há fogo, o porta-voz reagiu com ironia: "eu acho que esse ditado sofre sérias contestaçäes com frequência". E acrescentou: "no Brasil se costuma fazer demasiada fumaça".
Sobre a possibilidade de André Lara Resende voltar ao governo ou estar ajudando a preparar novas medidas, Sérgio Amaral reiterou: "ele também não recebeu nenhuma incumbência do presidente em preparar coisa alguma."
De acordo com o porta-voz, "se André Lara vier a participar do governo, possivelmente, será no Conselho de Assessores do presidente da República". E prosseguiu: "mas não houve, ainda qualquer convite formal ou formalização dessa contribuição."