Agência Estado
De Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou ontem para Orlando Villas-Bôas pedindo desculpas pela maneira como o sertanista foi demitido da Fundação Nacional do Índio (Funai). Villas-Bôas, exonerado do cargo de assessor especial da presidência da Funai por meio de um fax pelo presidente da Funai, Frederico Marés, recebeu dois convites para permanecer no governo.
O Palácio do Planalto e o Ministério da Justiça não haviam calculado a repercussão negativa da exoneração de Villas-Bôas. Durante o dia ontem o sertanista, de 86 anos – 48 deles dedicados à causa indígena –, recebeu diversos telefonemas de apoio. Entre eles, o do próprio presidente da República.
‘‘O presidente Fernando Henrique Cardoso foi muito simpático e se desculpou pela forma da minha demissão’’, disse Villas-Bôas. ‘‘Ele me pediu para não ficar magoado e disse que não estava de acordo com a exoneração.’’ Villas-Bôas foi condecorado pelo presidente no dia 7 de setembro do ano passado.
O sertanista recebeu três convites para continuar no governo. O primeiro, para integrar um conselho indigenista, que será criado dentro da Funai, a outra proposta de trabalho é na reforma agrária, auxiliando as comunidades indígenas, e a terceira é da Secretaria de Comunicação.
O governo tentou ontem, em uma nota oficial, explicar os motivos que levaram o presidente da Funai a demitir o sertanista da instituição que ele fundou, em 1965. Marés não deu entrevista e o comunicado foi feito pelo Ministério da Justiça, que alegou ser a medida uma forma de corrigir uma irregularidade, trocando o cargo em comissão pela pensão vitalícia.
Segundo o Ministério da Justiça, Villas-Bôas seria informado por carta de sua demissão. Entretanto, o presidente da Funai foi mais adiante, enviando-lhe um fax em que pedia o cargo, de R$ 1.300. O fax foi enviado quase no fim da noite do dia 25, mas a carta até ontem não havia chegado às mãos do sertanista.