FHC diz que decide até o fim do mês sobre renovação da frota
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terça-feira, 11 de abril de 2000
Por Simone Cavalcanti
Brasília, 12 (AE) - O presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje aos sindicalistas que até o fim do mês de abril o governo vai tomar uma decisão sobre o programa de renovação de frota, "seja para o bem ou para o mal". A informação foi dada pelos presidentes da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, ao saírem da reunião com o presidente.
"O presidente se comprometeu a reunir a Câmara de Política Econômica para resolver a questão até o fim deste mês"
afirmou Marinho. "A resposta sairá, seja para o bem ou para o mal." Paulo Pereira da Silva afirmou que, se a resposta for para "o mal", já estão programadas manifestações dos metalúrgicos contra a decisão do governo. No próximo dia 26, haverá uma carreata em São Paulo e no dia 10 de maio, um protesto na frente do Ministério da Fazenda, na capital paulista. As duas manifestações vão anteceder uma paralisação nacional dos profissionais da categoria, que está prevista para 2 de junho.
O porta-voz da Presidência da República, Georges Lamazire, não esperou nem mesmo o fim da reunião do presidente Fernando Henrique com os sindicalistas para dizer que o programa de renovação de frota ainda está sendo estudado pelos técnicos dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Na área técnica do governo vem crescendo o consenso de que, se o programa for aprovado, terá apenas incentivos para os carros movidos a álcool. A explicação dada é a de que, como as vendas dos veículos movidos a gasolina estão crescendo, não seria necessário fornecer o incentivo.
Outra questão abordada é que, com a expectativa de crescimento da economia, a indústria passará a vender mais e, consequentemente, poderá expandir o número de postos de trabalho. A abertura de cerca de 50 mil empregos na cadeia produtiva do setor é uma das bandeiras levantadas pelo sindicato para que o programa de renovação de frota seja adotado.
Os sindicalistas não esconderam o descontentamento com os técnicos da Receita Federal, que argumentam que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na troca de um carro antigo por um novo poderá reduzir a arrecadação do imposto. "Essa história de que a arrecadação vai diminuir é mais um jogo da Receita para tentar barrar o programa", acusou Marinho.
O projeto prevê que as pessoas que quiserem trocar seus veículos - acima de 15 anos de uso - receberão um bônus de R$ 1.800,00 sobre o preço de um carro mais novo movido a gasolina. Deste desconto, o governo federal entraria com R$ 700,00 (na forma de redução do IPI), os governos estaduais com R$ 500,00 (como redução do ICMS) e as montadoras e revendedoras juntas ofereceriam um desconto de R$ 600,00 sobre o preço de venda dos veículos.