O feriado desta sexta-feira (21) começou tranquilo nas unidades básicas de saúde de Londrina com serviço exclusivo para casos suspeitos ou confirmados de dengue. Desde o início das atividades, às 7 horas, o movimento de pacientes à procura de atendimento era constante nas cinco UBS, mas havia poucas filas e, segundo os próprios usuários, o tempo de espera era curto.

Movimento foi pequeno nesta sexta-feira una UBS do Jardim Santiago
Movimento foi pequeno nesta sexta-feira una UBS do Jardim Santiago | Foto: Simoni Saris

Na UBS do Maria Cecília (zona norte), as cadeiras extras sob a tenda instalada do lado de fora para acomodar os pacientes estavam vazias. Dentro da unidade, cerca de dez pessoas aguardavam para ser atendidas. “O atendimento foi bem rápido hoje (sexta-feira), não demorou nem 15 minutos. Só vim fazer exame de sangue. Mas tem sido assim todos os dias. Desde quando eu comecei a ficar ruim, com as plaquetas baixando, todas as vezes em que eu vim a essa UBS, o tempo entre a espera e o final do atendimento não chegou a duas horas no dia mais movimentado”, disse a vendedora Sidnéia Gomes. “É que a demanda está grande. Lá dentro, todas as cadeiras estão ocupadas. Todo mundo tomando soro. Mas tem três médicos trabalhando.”

Na última segunda-feira (17), o autônomo Elismar Luiz Borges aguardou quase duas horas para ser atendido na UBS do Maria Cecília, mas nos outros dias em que teve de voltar para fazer o acompanhamento da doença, o atendimento foi bem mais ágil. “Hoje (sexta-feira), está bem tranquilo. Cheguei às 8h15, em menos de cinco minutos me chamaram, já fiz a prova do laço, já fui encaminhado para o exame de sangue e agora estou aqui, esperando sair o resultado. Tudo em uma hora”, elogiou.

Situação semelhante era a da UBS do Jardim Santiago (zona oeste). O açougueiro Ilson Araújo de Carvalho esteve na unidade pela terceira vez na semana nesta sexta-feira e observou que o tempo na fila vem diminuindo ao longo dos dias. “No primeiro atendimento, na segunda-feira, foi uma hora e meia, duas horas. Na quarta-feira, foi mais rápido e hoje, deve demorar menos ainda porque está bem vazio e eu só vim colher o sangue de novo. Acho que tem pouca gente também porque é feriado e o pessoal não vem”, disse. “Na segunda-feira eu cheguei aqui às 6h30 e saí eram quase 16 horas. Era muita gente para ser atendida, estava lotado, mas a partir de terça-feira foi diminuindo. Hoje, fiz tudo em 20 minutos. Está bem mais agilizado”, contou a auxiliar de limpeza Erica de Jesus Mariano.

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Grávido de oito meses, o casal Ravena e Carlos Henrique Imme se irritou com a espera na unidade da zona oeste. A gestante, com confirmação de dengue, foi até o local para checar o nível das plaquetas, mas entre a chegada e a liberação, aguardou mais de uma hora, segundo o marido. “Eles falam que é classificação de risco, mas como minha esposa, grávida de oito meses, com dor na lombar, não é de risco?”, questionou Imme. Minutos depois de o marido conversar com a reportagem, Ravena deixou a unidade.

DESCENTRALIZAÇÃO

Com a descentralização dos atendimentos aos pacientes com suspeita ou confirmação de dengue, diminuiu a demanda na UPA do Sabará. Diferente do cenário de dias atrás, nesta sexta-feira, o número de usuários esperando atendimento era bem menor. “No domingo isso daqui estava um horror. Muita gente esperando, muita fila, muita demora. Hoje, está muito mais rápido. Cheguei um pouco antes das 9 horas e antes das 10 horas já havia sido atendida e feito os exames. Estou aqui ainda porque resolvi esperar sair o resultado para não ter que voltar mais tarde”, disse a auxiliar de serviços gerais Terezinha Sônia Torres.

A descentralização dos atendimentos aos pacientes com suspeita ou confirmação de dengue diminuiu a demanda na UPA do Sabará
A descentralização dos atendimentos aos pacientes com suspeita ou confirmação de dengue diminuiu a demanda na UPA do Sabará | Foto: Simoni Saris

Além das UBS do Maria Cecília e Santiago, outras três estão com atendimento exclusivo para os casos de dengue: Ouro Branco (zona sul), Ideal (zona leste) e Vivi Xavier (zona norte). O horário de funcionamento nessas unidades foi ampliado, das 7 às 22 horas, de segunda a sexta-feira, e das 7 às 19 horas, aos sábados. Nesta sexta-feira, feriado do Dia de Tiradentes, as atividades se encerram mais cedo, às 19 horas. A UPA do Sabará, referência para os casos de dengue, funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. Os usuários com suspeita ou confirmação da doença também podem procurar os pronto atendimentos do Jardim Leonor (zona oeste), que funciona 24 horas, e do União da Vitória (zona sul), das 7 às 23 horas.

AUMENTO DOS CASOS

O boletim epidemiológico divulgado na última quinta-feira (20) pela Secretaria Municipal da Saúde revela a dificuldade do município de combater a dengue. Em relação ao levantamento anterior, do dia 13 de abril, houve alta de 60% no número de infectados e o dobro de mortes decorrentes da doença. Entre um boletim e outro, os casos confirmados saltaram de 2.758 para 4.370 e o número de óbitos passou de quatro para oito. Os dados se referem ao período de janeiro até agora. Desde o início do ano, foram feitas 25.444 notificações, das quais 3.444 foram descartadas e 17.630 ainda estão sob análise. Além das oito mortes já confirmadas, outras sete estão sob investigação. Os pacientes internados por dengue somam 174.

Em relação à chikungunya, até o momento o município registrou 41 notificações, com quatro confirmações, todas importadas, e 34 ainda em análise.

Durante entrevista coletiva na quinta-feira, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, frisou que em cenário de epidemia, caracterizado pelo grande número de infectados simultaneamente, aumenta o risco de internações e, consequentemente, de óbitos. “É isso o que a gente tem percebido nas últimas semanas”, destacou.

APELO

Para tentar reduzir os índices de infestação do mosquito Aedes aegypti, o município intensificou todo o trabalho de enfrentamento à dengue. Neste feriado, 70 agentes de endemias estão em campo, em várias localidades, realizando mutirões, bloqueio de casas e revisão de imóveis fechados. Mas o secretário lembrou que apenas as ações das equipes de saúde não bastam para combater a doença e reforçou o apelo feito aos cidadãos para que façam a sua parte, eliminando de suas residências todos os possíveis focos do mosquito.

Segundo Machado, 98% dos focos estão dentro das casas e a maioria deles, são pequenos focos, como pratos sob vasos de planta, atrás da geladeira, calhas, bebedouros de animais e outros pequenos objetos. “Se cada um fizer a sua parte, rapidamente a gente supera a epidemia.”

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