Bandeirantes - Cerca de 250 famílias – aproximadamente mil pessoas – foram afetadas pelas enchentes que atingiram 12 bairros de Bandeirantes (Norte Pioneiro) na manhã deste domingo (5). Vídeos gravados pelos próprios moradores registraram a enxurrada invadindo dezenas de residências e levando até carros. Várias ruas foram tomadas pela água e se transformaram em rios, deixando a população destas localidades ilhadas.

LEIA TAMBÉM: VÍDEO: Bairros em Bandeirantes são inundados

A dona de casa Deusane Alves estava em casa com o marido, o irmão e a filha, de apenas três meses, quando foi avisada pela vizinha que o córrego que passa pelo bairro havia transbordado e passou a inundar os imóveis. Ela perdeu praticamente tudo. “É triste, porque lutamos tanto para ter as coisas e ver indo embora assim num piscar de olhos dói muito”, desabafou. No jardim Bela Vista, o que teve mais prejuízos, pelo menos sete imóveis foram abaixo, mas ninguém se feriu.

Deusane Alves estava com o marido, o irmão e a filha, de apenas três meses, quando a água inundou a casa
Deusane Alves estava com o marido, o irmão e a filha, de apenas três meses, quando a água inundou a casa | Foto: Pedro Marconi

Na Vila União, a estudante de técnica em enfermagem Rosemari Rodrigues Pereira só conseguiu salvar a roupa do corpo e alguns objetos. No momento que a água do córrego tomou conta da casa em que vive com os dois filhos a parede precisou ser quebrada para dar vazão. “Sai de Itajaí (SC) há um ano com medo de enchentes e agora perdi tudo aqui. Não posso mais ficar nessa casa, vou ter que ir para a casa de parentes”, desabafou.

Em umas residências a enchente atingiu cerca de um metro de altura. “Estava dormindo com a minha esposa e um colega veio me chamar na porta. Acordei com a água aqui dentro, fiquei com muito medo, perdi tudo. Nunca tinha visto nada parecido”, desabafou o aposentado Antônio Fuquim. “Bens materiais dá para recuperar. Graças a Deus as nossas vidas conseguimos salvar”, destacou o eletricista industrial Paulo César da Silva.

Caminhão pipa foi usado para lavar a rua e ajudar a tirar a lama dos imóveis
Caminhão pipa foi usado para lavar a rua e ajudar a tirar a lama dos imóveis | Foto: Pedro Marconi

TROMBA D’ÁGUA

Segundo a prefeitura da cidade – que tem pouco mais de 30 mil habitantes – os transtornos foram gerados por trombas d’água nos córregos Água das Antas e Água do Caixão. “Identificamos uma tromba d’água que se dividiu em duas frentes, atingindo dois pontos da cidade. Fomos informados que poderia ser uma barragem que tivesse se rompido, mas na verdade não tivemos isso. As barragens da cidade estão íntegras”, garantiu o prefeito Jaelson Matta.

A Defesa Civil calcula que tenha chovido mais de 120 milímetros entre o final da madrugada e o início da manhã de domingo. “Algumas represas que ficam em propriedades particulares na região ajudaram a conter a água. Se não fossem elas o desastre teria sido muito pior”, alertou Richard Damasceno, diretor de Operações e coordenador da Defesa Civil de Bandeirantes. Além de danos nas casas, a chuva também causou prejuízos para a agricultura e pecuária da cidade.

Em algumas residências a água atingiu um metro de altura
Em algumas residências a água atingiu um metro de altura | Foto: Pedro Marconi

ABRIGOS

Depois de o volume de água dos córregos abaixou, um caminhão pipa foi usado para auxiliar a tirar a lama dos imóveis e tratores foram recolhendo móveis que acabaram sendo reduzidos a lixo. Marmitas também foram entregues pelo município. As aulas estão suspensas nesta segunda-feira (6). “Estamos orientando as pessoas para que deixem as casas e venham para os abrigos do município por conta da previsão de mais chuva para a região”, advertiu Damasceno. Abrigos foram improvisados nos colégios Yukiti Matida e Colégio Bela Vista. Unidas de saúde abriram para a população que precisar de atendimento médico ou remédios.

DECRETO

A prefeitura decretou estado de calamidade pública. “Estamos recebendo apoio das prefeituras da Amunop (Associação dos Municípios do Norte do Paraná), que estão enviando maquinário e contingente para nos ajudar. Acionamos a Defesa Civil do Estado, Exército e todos os órgãos foram informados. Ao baixar o decreto, ele tem que ser reconhecido e replicado no Estado e União para que a Defesa Civil Nacional possa enviar recursos para a população atingida”, explicou o chefe do Executivo municipal.

Em caso de necessidade, as pessoas podem entrar em contato com o WhatsApp da Defesa Civil de Bandeirantes pelo número (43) 3542-3322. (Colaborou Jessica Sabbadini - Especial para a Folha)

Atualizada às 20h26