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Geral 5m de leitura

Famílias de jovens mortos em confrontos fazem protesto

Manifestação foi organizada pelo movimento "Justiça por Almas, Mães de Luto em Luta"

ATUALIZAÇÃO
15 de junho de 2023

Guilherme Marconi
AUTOR

 

Londrina registrou 50 mortes em decorrência de confronto policial no ano de 2022, segundo dados apurados pelo Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado). O recorte dessa letalidade policial mostra que maioria dessas pessoas são jovens até 29 anos (59%), moram na periferia e são de negros (58%). 

Para lutar contra essa estatística que cresceu 56% em 2022 ante 2021 e continua provocando vítimas, o Movimento "Justiça por Almas, Mães de Luto em Luta" - formada por familiares de jovens mortos pela polícia - realizou na tarde desta quinta-feira (15) uma manifestação na praça localizada na esquina da avenida Duque de Caxias com a rua Desembargador Clotário Portugal, na Vila Recreio, na área central de Londrina.

O protesto marcou os aniversários de morte de dois adolescentes resultados da violência: Davi Gregório Ferraz dos Santos, 15 anos, e  Gabriel Sartori, 17 anos. Ambos foram mortos por tiros que partiram da polícia. O primeiro, em 15 de junho do ano passado, e o segundo, no mesmo dia, há seis anos. 

 

As mães e familiares que organizam o protesto pedem por Justiça em razão de histórias de vida que foram interrompidas como a do adolescente Davi Gregório Ferraz dos Santos, morto aos 15 anos pela Polícia Militar há exatamente um ano - dia 15 de junho de 2022. O corpo foi encontrado num imóvel da avenida Duque de Caxias, na Vila Recreio, onde supostamente ele tinha ido comprar maconha. Segundo a mãe, a agente comunitária de saúde Marilene Ferraz da Silva Santos, a polícia foi ao local, atendendo uma chamada, a procura de um traficante e não de Davi.

A versão oficial é de que o adolescente teria sacado um revólver 38 durante a abordagem. A mãe tem convicção de que o adolescente jamais pegou na arma que os policiais alegam que ele usou. O revólver não estava no local do óbito. Foi entregue aos peritos pelos PMs posteriormente. “Os PMs já chegaram atirando”, afirma a mãe. Assustado, Davi teria buscado se esconder na casa onde foi assassinado. De acordo com a mãe, foram disparados 15 projéteis nas regiões torácica e lombar e no antebraço direito do jovem. “O Estado vem e mata seu filho e você é obrigado a conviver com essa dor todos os dias”, desabafou Marilene. 

Os familiares não acreditam na versão da polícia de que as mortes ocorreram em confrontos nos quais as vítimas reagiram à abordagem com armas em punho. Todas alegam que os jovens foram executados. “Nossa luta é grande. Não pretendemos desistir nunca. Queremos mostrar para a sociedade o que realmente acontece na nossa cidade. Queremos justiça, que os culpados sejam punidos”, afirmou Marilene.

Entre as reivindicações das famílias, está a constituição de uma força-tarefa para investigar os casos; o uso obrigatório de câmeras nos uniformes dos policiais e obrigatoriedade de exames toxicológicos periódicos para esses profissionais. “Nossos filhos e parentes se foram e jamais voltarão, mas não podemos permitir que os assassinos continuem impunes e matando. As mortes não param”, afirmou.

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