Familiares e amigos de pessoas mortas pela polícia neste ano se reuniram na tarde de sexta-feira (15) na praça da rua Jubilino Barbosa Cabral, no Conjunto Parigot de Souza, em frente ao Colégio Estadual Professora Adélia Dionisia Barbosa (zona norte) para o ato inter-religioso "Mães de Luto em Luta". Os manifestantes chegaram a colocar crucifixos pelo gramado da praça antes do culto ecumênico e protestaram contra o crescente número de mortes de jovens da periferia em operações policiais.

Crucifixos foram espalhados pelo gramado da praça do Conjunto Parigot de Souza.
Crucifixos foram espalhados pelo gramado da praça do Conjunto Parigot de Souza. | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Uma das pessoas que organizou a manifestação foi Marilene Ferraz da Silveira, agente comunitária de saúde, que alega que seu filho Davi Gregório, um adolescente de 15 anos, foi morto pela polícia em uma situação em que ele não estava armado. Ela admitiu que seu filho estava consumindo um cigarro de maconha, mas que isso não seria motivo para ele ser morto. “Ele estava fumando maconha sentado na calçada da avenida Duque de Caxias, na Vila Portuguesa. O Choque chegou e ele tentou fugir e foi executado. Eu acredito que ele tenha sido alvejado pelas costas. O laudo do IML não é conclusivo quanto a isso, mas ele estava com um rasgo no peito e estava com fratura exposta nas interfalanges, entre o terceiro e o quarto dedo. Quando há uma fratura exposta indica que foi uma coisa mais violenta”, declarou.

Ela argumenta que seu filho não é traficante. “Naquele dia disseram que acharam maconha em uma sacola, mas não há prova que era dele. O Davi não tinha arma, não tinha passagem na polícia e aquele episódio não tinha como ser um confronto”, declarou. Outras famílias de mortos em confronto também estiveram presentes e relataram que houve outros casos semelhantes na cidade, entre elas as de Caio Dias Melo, Paulo Ricardo Aparecido da Silva e Fábio Brateck, que também foram mortos em situações semelhantes.

O coronel Nelson Villa, comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar, se pronunciou por meio do WhatsApp. “Compreendemos e nos compadecemos com o sofrimento das mães que perdem seus filhos em situações assim. Mas o fato é que a Polícia Militar não leva em conta elementos subjetivos para agir em casos assim. O que determina a ação dos policiais é a reação imposta por quem está em flagrante delito, ou seja, são os elementos objetivos que integram o fato em si.”

A PCPR (Polícia Civil do Paraná) instaurou um inquérito policial para investigar o caso e aguarda laudos complementares que auxiliarão no andamento das diligências. Testemunhas estão sendo ouvidas.

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