A família da estudante Júlia Ribeiro Mantoani, de 15 anos, corre contra o tempo para concluir a arrecadação de recursos para a cirurgia de um tumor no lado esquerdo do cérebro da adolescente, que cursa o 9º ano do ensino fundamental em Siqueira Campos (Norte Pioneiro).

Em apenas duas semanas, entre os sintomas mais visíveis e a necessidade de uma cirurgia, marcada para esta terça-feira (8), no Hospital Evangélico, em Londrina, familiares passaram por uma romaria entre os sistemas público e privado de saúde e obtiveram, em poucos dias, mais de 80% do montante necessário para a extração das células.

O que alertou a família foi quando Júlia, que passava alguns dias nas casas dos avós, em Wenceslau Braz, percebeu que não conseguia mexer o braço e a perna esquerdos, no dia 23 de julho. Do quarto, ligou para a mãe, a atendente de aula de estimulação precoce da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) Édina da Silva Ribeiro Mantoani, relatando o fato.

No mesmo dia, Édina e seu marido, o operador de máquina laser Clodoaldo Mantoani, buscaram a filha e a levaram ao hospital de Siqueira Campos. A menina ainda se queixava de dor de cabeça e estava com os movimentos comprometidos. De início, a avaliação precoce para a imobilização foi possível estresse.

Porém, em contato com a reumatologista de Júlia, a família foi orientada a buscar um neurologista. E, a partir daí, iniciou-se uma romaria por profissionais particulares e do SUS (Serviço Único de Saúde) para o diagnóstico.

Foi com uma tomografia e um eletroencefalograma em Londrina que a família descobriu o tumor de Júlia, a filha mais nova do casal.

Entre idas e vindas em consultórios de Siqueira Campos e Londrina, médicos apontaram a necessidade de uma cirurgia o mais breve possível – no valor de R$ 94,5 mil. O profissional que a atendeu em Londrina, ciente do alto valor, sugeriu a criação de uma arrecadação solidária pelo site “Vakinha”. “Eles nos orientou, mostrou como fazer, e nós fizemos”, contou Édina.

Até as 15h desta segunda-feira (7), a arrecadação chegou a 84,9% do necessário para a cirurgia. Entretanto, a mobilização não foi apenas pela internet. “Muita gente nos trouxe doações em casa e no emprego do meu marido. Teve uma senhora que fez uma sacolinha e passou na rua dela, pedindo ajuda para Júlia”, relatou Édina.

Empresários de Siqueira Campos também auxiliaram, doando uma motocicleta para ajudar na arrecadação. Em uma ação entre amigos, outros R$ 23 mil foram recolhidos entre pessoas que concorrerão ao prêmio motorizado.

“Não imaginava que iria tomar essa proporção a campanha em prol da Júlia. Eu não consegui e não consigo acompanhar, diante das coisas que tenho de me concentrar [nos cuidados à adolescente]. O que eu queria era abraçar cada pessoa para agradecer, porque jamais conseguiríamos retribuir isso tudo que estão fazendo”, disse a mãe, comovida.

Neste meio tempo, com a ajuda da Secretaria de Saúde de Siqueira Campos, Júlia também conseguiu ingressar na fila do SUS, mas teria de reiniciar todos os exames de diagnóstico antes de passar pela intervenção médica.

Entretanto, o médico que a atendeu em Londrina sugeriu que, se pudesse, fizesse rapidamente a cirurgia. E avisou: “O tratamento posterior, caso seja necessário, seria ainda mais caro.”

Diante deste impasse, a família optou pelo procedimento no sistema particular, devido à urgência. “Eu agradeço muito o esforço pelo SUS. Porém, já me orientaram que a Júlia não ‘perde a vaga’. Ou seja, se for necessário continuar o tratamento, ele será feito pela rede pública”, explicou Édina.

A mãe também leva em consideração todo o esforço dos donatários. “Não seria justo com eles arrecadarmos isso tudo, que foi pela saúde dela. Sabemos que muitos dos que ajudaram são pessoas simples, de poucas condições”, reconheceu.

A cirurgia da adolescente, que pretende ser bióloga marinha e sonha em ter uma propriedade para retirar das ruas animais abandonados, está programada para as 7 horas, no Hospital Evangélico de Londrina.

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