Falência de empresa de ônibus de Bauru atrapalha vida de usuários
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domingo, 06 de fevereiro de 2000
Por Jair Aceituno, especial para a AE
Bauru, SP, 06 (AE) - Os usuários dos ônibus urbanos de Bauru enfrentam atrasos desde sexta-feira, quando o juiz Sílvio José Pinheiro dos Santos, da 1ª Vara Cível, decretou a falência da Empresa Circular Cidade de Bauru. Fundada há 60 anos, a empresa era responsável por 52% do serviço de ônibus da cidade e pediu concordata no dia 19 de novembro de 1998. No prazo de um ano deveria ter pago 40% de sua dívida, de R$ 28 milhões, mas não cumpriu o acordo, provocando a falência e recolhimento dos 123 ônibus de sua frota.
A Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (EMDURB), responsável pelo gerenciamento dos transportes na cidade, convocou as duas outras concessionárias de ônibus a assumirem as 48 linhas até então operadas pela Circular. Em um esquema de emergência, ambas começaram a trazer veículos de outras cidades para socorrer a população de Bauru. No sábado já circularam alguns veículos diferentes e outros deverão ser integrados à frota amanhã (07). O presidente da EMDURB, Joaquim Madureira, disse que para segunda-feira - quando o movimento é alto - já estão garantidos 70% dos serviços e que, nos próximos dias, tudo voltará à normalidade.
As duas concessionária que permanecem com o serviço começaram no sábado a contratar funcionários da empresa falida. O presidente do Sindicato dos Condutores, Elias Pinheiro da Silva, estima que pelo menos 80% dos 900 empregados da Circular deverão ser reaproveitados, pois o número de ônibus em operação continuará o mesmo. Terão maior dificuldade de recolocação os trabalhadores da área administrativa.
A Empresa Circular trabalhou sozinha na cidade de 1939 a 96, quando a Prefeitura admitiu as suas duas concorrentes. Mesmo assim ficou com a maior parte do serviço, mas já entrava em crise, deixando de recolher as contibuições ao INSS, o FGTS dos empregados e a atrasar pagamentos. Suas últimas controladoras, Ana Nerle e Carmem Quaggio Bresolin, filha e neta do fundador, Alexandre Quaggio, hoje de avançada idade e fora do trabalho, denunciaram que além da concorrência, nos anos de 1997 e 98 foram extorquidas em US$ 2 milhões pelo então prefeito Antônio Izzo Filho. O prefeito foi afastado do cargo, responde processo e ainda se encontra preso por causa da denúncia.