SÃO PAULO, SP - Após o temporal que deixou ao menos três mortos e um rastro de destruição em São Paulo, bairros da cidade permaneciam sem energia elétrica no início da manhã de sábado (4). A concessionária Enel afirmou que as regiões mais afetadas pela queda de energia são as zonas oeste e sul da cidade e não deu prazo para solução.

A empresa mantém em seu site o aviso de que o restabelecimento da energia em alguns casos pode levar mais tempo.

Nesta quinta (2), a Folha de S.Paulo mostrou que as ações para enterramento de fios em SP - que minimizariam o problema de queda de energia em situações assim - não avançam, e prefeitura estuda novo programa.

Em Moema, na zona sul, a energia caiu durante a forte ventania por volta das 16h15 de sexta no apartamento do tradutor e intérprete Wanderley Mattos Jr., 58, que mora na avenida Rouxinol. Às 8h15 de sábado, o prédio onde ele mora ainda estava sem luz.

"Para além dos transtornos, minha preocupação agora é com o prejuízo que terei com os alimentos que estão na geladeira e no freezer", disse.

Ruas como Ibijaú, Gaivota e a alameda Jauaperi passaram todo esse tempo também sem iluminação dos postes. A queda de uma árvore danificou três carros na Rouxinol.

O prédio onde ele mora tem um gerador que garante o funcionamento do elevador e a iluminação das áreas comuns, mas não a iluminação dos apartamentos.

Outro bairro que sofreu sem luz por muito tempo foi o Morumbi (zona oeste). Moradores relataram que a energia caiu por volta das 16h10 e, até 21h, seguiam no escuro.

O mesmo no Campo Limpo, na zona sul, onde a energia acabou por volta das 16h30.

O temporal também deixou moradores no escuro e atrapalhou o funcionamento de restaurantes na Vila Mariana, na zona sul paulistana. Apenas um dos seis serviços de entrega em áreas afetadas pelo apagão procurados pela reportagem estava funcionando no horário do jantar.

O local que estava aberto pertencia a uma rede de pizzaria e manteve o atendimento porque tinha um gerador. "Mesmo assim, está falhando. O bairro inteiro está sem luz", contou o atendente Victor, que falou com a reportagem perto das 23h.

Em nota, a Enel informou que ainda está avaliando a extensão dos danos causados pela chuva. A empresa ressaltou que os problemas ocorreram após rajadas de vento que atingiram mais de 100 km/h e a queda de mais de 870 árvores, segundo o Corpo de Bombeiros.

A companhia não deu uma previsão de tempo para o restabelecimento da energia, mas disse que as equipes em campo foram reforçadas, assim como nos canais de atendimento e no centro de controle. A Enel afirmou que está "trabalhando de forma ininterrupta para normalizar o fornecimento de energia para todos".

"Devido a complexidade do reparo e a necessidade de reconstrução de trechos da rede, em alguns casos, o restabelecimento da energia pode levar mais tempo", diz a companhia, que também colocou esse aviso em sua página na internet.

OUTRAS CIDADES

Cidades do interior de São Paulo também completaram mais de 16 horas sem energia. Em Sorocaba, em algumas regiões a luz acabou por volta das 15h de sexta. Às 8h40 de sábado, o problema continuava.

Há também relatos de falta de luz prolongada em Salto, Mairinque, São Roque e Votorantim.

O grupo CPFL Energia informou que o temporal atingiu parte da rede elétrica de municípios da área de concessão de suas três distribuidoras, que atendem parte do interior e litoral paulista.

Na região da CPFL Santa Cruz, as cidades de Jacarezinho e Ourinhos foram as mais afetadas. Já na CPFL Piratininga, Sorocaba, Indaiatuba e a Baixada Santista tiveram mais impactos. Na CPFL Paulista, as regiões de Bauru, São José do Rio Preto e Piracicaba sofreram com o temporal, informou a companhia.

A Neoenergia Elektro informou que seu sistema elétrico foi atingido, principalmente, na região sul do estado, prejudicando o fornecimento de energia para os clientes de Itapeva, Itaberá, Fartura, Capão Bonito, Itaporanga, Miracatu e Juquiá.

Na região central paulista, as cidades atendidas pela companhia que foram mais afetadas são Tatuí, Tietê, Cesário Lange, Cerquilho, Laranjal Paulista, Conchas, Piedade, Pilar do Sul e Tapiraí.

A companhia EDP informou que, na sua área de distribuição de energia, os locais com maior quantidade de ocorrências foram Guarulhos, Suzano, Mogi das Cruzes e Ferraz de Vasconcelos, todas na Grande São Paulo. Também faltou luz no Vale do Paraíba e Litoral Norte.

AVALIAÇÃO DA ENEL

O diretor de Mercado da Enel, André Oswaldo dos Santos, disse, em entrevista ao CBN São Paulo no sábado (4), que a empresa segue fazendo o levantamento total de áreas afetadas pelo apagão que atingiu a capital paulista, não sabendo ainda o tamanho total.

Ele destacou que as regiões do Jardim São Luis, Vila Prudente, Campo Limpo e Jabaquara encontram-se em situação pior.

Ao todo, são atendidos 8 milhões de consumidores na região metropolitana.

Na entrevista, o diretor reiterou que a queda de árvores foi um dos principais fatores para o problema de apagão nas unidades e que será necessário reconstruí-las. "Esse evento foi de alta magnitude e sem precedentes aqui em São Paulo (...) Elas caíram de forma isolada em alguns locais e destruíram nossa rede em várias regiões. Então, a gente nesse momento ainda não consegue passar uma previsão."

Diante das queixas de dificuldade de falar com a empresa e reclamar pelo serviço de call center da Enel, o diretor destacou que o sistema ficou sobrecarregado com a demanda e que os clientes devem dar prioridade aos canais digitais para fazer contato.

Através do aplicativo ou site, os clientes podem fazer um pedido de indenização, caso tenham registrado prejuízos com o apagão. Os casos serão avaliados individualmente.