Aluno do 5º ano da Escola Hélvio Esteves, Pedro Henrique de Sousa se distrai com jogos e aprende sobre computadores na sala de informática
Aluno do 5º ano da Escola Hélvio Esteves, Pedro Henrique de Sousa se distrai com jogos e aprende sobre computadores na sala de informática | Foto: Fotos:Saulo Ohara



A Escola Municipal Hélvio Esteves (zona norte) foi inaugurada em 2014 com uma proposta inovadora: atender todos os alunos em tempo integral e com matriz curricular diferente da tradicional. Na prática, os 220 alunos passam oito horas diárias na escola. Pela manhã, têm aulas do currículo básico e educação física. O almoço é servido das 12 às 13 horas e, após isso, todos os estudantes passam semanalmente por dez oficinas pedagógicas relacionadas a cinco eixos educacionais.

Conforme a diretora Tânia Aparecida Félix Esteves, o atendimento nas oficinas é o grande diferencial da metodologia. Todos fazem orientação de estudo e leitura, inglês, jogos matemáticos, informática, artes visuais, artes cênicas, esporte, horta, saúde e alimentação e participam do projeto "Jovens Empreendedores Primeiros Passos", em parceria com o Sebrae. As aulas terminam às 16 horas. Anualmente, as crianças cumprem carga horária de 1.600 horas.

"Os conteúdos ensinados pela manhã são reforçados nas oficinas da tarde. Com isso, todos aprendem melhor", avaliou a diretor, complementando que os alunos ganham, também, na aquisição de valores. "Aqui sempre tem muita conversa, inclusive sobre assuntos como racismo e bullying. Percebemos também que nossos alunos são bastante autônomos, têm bons argumentos e são desenvoltos. Aqui, todas as habilidades são reconhecidas, sejam elas nas disciplinas básicas ou nas oficinas."

Os professores trabalham com jornada dupla ou horas extraordinárias. O gargalo, segundo a diretora, é referente à hora do almoço, quando falta professor para atender as crianças. "Com a ampliação da jornada, isso seria resolvido."

Ana Clara Fonseca Ananias, 7, está no 1º ano e garante que aprende muitas coisas durante o tempo que passa na escola. "Hoje mesmo aprendi que existem joaninhas de várias cores", disse a menina, que foi matriculada no Hélvio Esteves por influência da prima que já está na escola. Ela contou que, apesar de ter muitas atividades durante o dia, não fica cansada. "Minha mãe trabalha e fica tranquila por eu estar aqui."

A aluna gosta inclusive de almoçar todos os dias na escola e já elegeu a comida preferida: estrogonofe de frango. Nas oficinas, a atividade favorita é o esporte e ela comemora a oportunidade de ter aprendido a jogar futsal, a modalidade que mais gosta de praticar. "Essa escola é muito legal", elogiou.

Ana Clara Fonseca Ananias, que está no 1º ano, aprendeu a jogar futsal nas atividades de contraturno
Ana Clara Fonseca Ananias, que está no 1º ano, aprendeu a jogar futsal nas atividades de contraturno



Pedro Henrique de Sousa, 10, está no 5º ano e se prepara para deixar a escola que o acolheu desde os primeiros anos. Dedicado, responsável e estudioso, ele está selecionado entre os finalistas do programa "Bom Aluno", que oferece bolsa de estudos e apoio para bons alunos de baixa renda. "Se eu for selecionado, vou agradecer minha escola para sempre."

O estudante mora com a mãe, que trabalha como diarista, no conjunto Vista Bela. Quando a prefeitura cortou o transporte que levava as crianças para a escola e sugeriu a transferência para uma instituição mais próxima de casa, a mãe preferiu apertar o orçamento e pagar transporte particular.

O aluno tem um local preferido na escola: a sala de informática, onde pode jogar e aprender sobre o uso de computadores. Para o futuro, ele ainda está em dúvida sobre estudar Medicina ou Direito. "Gostaria muito de ajudar a combater a corrupção, mas também tenho vontade de levar mais saúde para as pessoas mais pobres."

A professora Marlene Lino de Souza Jesser dá aulas para o 4º ano e também ministra as oficinas de empreendedorismo no contraturno. Atualmente, ela completa a carga horária necessária para realizar o trabalho através de horas extras. "Acho muito bom poder passar mais tempo com os alunos e interagir com os outros professores, atuamos como uma grande equipe." (C.A.)