Exilados cubanos reverenciam Elián como mensageiro divino
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terça-feira, 01 de fevereiro de 2000
Por Madeline Baro Diaz, da AP
Coral Gables, EUA, 01 (AE-AP) - Em "O garoto dos golfinhos"
um pintor cubano representou Elián González envolvido - como o pequeno Moisés - em uma manta azul e dentro de uma bóia. Três golfinhos o cercam enquanto a mão de Deus o guia para longe do infinito vermelho que simboliza o comunismo.
O quadro é baseado em uma história, aparentemente contada por Elián, de que golfinhos se aproximaram da bóia e protegeram o garoto durante os dois dias em que permaneceu nas águas da costa de Fort Lauderdale.
"Eu acho que foi um milagre de Deus esse menino ter sobrevivido e que os golfinhos, como o próprio Elián disse, o protegeram", afirmou o pintor Alexis Blanco. "Elián, para mim, é como um mensageiro que anuncia o fim da ditadura comunista (em Cuba)".
Assim como Blanco, vários cubano-americanos reverenciam o menino como um mensageiro divino, acreditando se tratar de uma vontade de Deus a permanência de Elián nos Estados Unidos.
Para muitos, as circunstâncias envolvendo a viagem marítima de Elián levantaram a hipótese de uma intervenção divina. Sua mãe o lançou no mar com a bóia para salvar a vida de seu único filho, enquanto ela permaneceu com o grupo que morreu afogado. Elián, então, foi encontrado no dia de Ações de Graças por dois pescadores.
Um deles, Donato Dalrymple, acredita que a fé o chamou para o mar naquele dia, já que foi a primeira vez que ele saiu como pescador. "Eu acredito que Deus usou os golfinhos como um instrumento para salvar Elián", disse ele.
Elián também disse ter visto um anjo no horizonte, de acordo com Dalrymple e Robert Curbelo, um amigo da família González.
Uma das muita histórias que circula pela comunidade cubana-americana de Miami diz que o presidente Fidel Castro consultou uma espécie de pai-de-santo que lhe disse que seu futuro depende de Elián. Segundo a versão, o pai-de-santo afirmou também que se o menino permanecer nos Estados Unidos será o fim do regime comunista em Cuba.
Para o sociólogo Max Castro, muito exilados cubanos em Miami acreditam que Elián seja um enviado por Deus devido aos longos 40 anos de espera pela queda de Fidel. "Eles estão esperando uma intervenção divina. Isto poderia ser um anúncio, um tipo de sinal", disse ele. "É um episódio de desilusão coletiva".

