Miami, 07 (AE-AP) - Exilados cubanos anticastristas de Miami voltaram nesta sexta-feira (07) às ruas para protestar contra a decisão do Serviço de Imigração e Naturalização (INS, pelas iniciais em inglês) de devolver a custódia do garoto Elián González, de seis anos, ao pai, que vive em Cuba.
Ao mesmo tempo, em Washington, o presidente norte-americano Bill Clinton exortava aos manifestantes da Flórida que dissociassem o caso do menor das disputas políticas que mantêm com o regime de Fidel Castro.
"Temos de manter isso fora do processo politíco tanto quanto possível e dentro dos canais legais estabelecidos", disse Clinton. "Essa é uma questão volátil e difícil e todos têm de seguir a lei e os procedimentos", acrescentou, em resposta a uma mensagem enviada a ele pelo governador da Flórida, o republicano Jeb Bush, na qual pediu a revogação da decisão do INS. A secretária de Justiça norte-americana Janet Reno ratificara, na véspera, a deliberação do serviço de imigração.
A mãe de Elián e o companheiro dela morreram num naufrágio junto a outros nove balseiros cubanos, quando tentavam chegar ilegalmente à costa da Flórida. O garoto foi resgatado por pescadores na frente de Fort Lauderdale, quando boiava numa câmara-de-ar, em 25 de novembro, Dia de Ação de Graças, um dos principais feriados americanos.
As autoridades do INS entregaram a custódia provisória do garoto aos tios-avôs paternos que vivem no bairro de Little Havana, em Miami, enquanto grupos radicais anticastristas o convertiam em símbolo da "resistência ao regime comunista de Cuba".
Vestido com uniforme da Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA) - entidade acusada pelo governo cubano de financiar ações terroristas na ilha -, o garoto apareceu em comerciais de tevê e anúncios de jornais e revistas.
Em Cuba, porém, o pai de Elián, Juan Miguel González, funcionário de um hotel no balneário de Varadero, pedia a volta do garoto. O governo cubano interveio, convocando marchas de trabalhadores e estudantes para reivindicar, na frente do escritório de Interesses do EUA em Havana, a devolução de Elián.
Após mais de um mês de impasse, o INS reconheceu o direito do pai de ter o filho de volta, revoltando a comunidade cubano-americana de Miami, que queria a permanência de Elián nos Estados Unidos na condição de asilado político.
Na quinta-feira, membros das organizações anticastristas tumultuaram o trânsito em diversos pontos da cidade. Hoje, data do 41º aniversário da entrada da guerrilha castrista em Havana, os manifestantes voltaram às ruas exibindo cartazes com os dizeres: "Fidel manda na Casa Branca" e "Clinton, e-mail: mari.con" (maricón é a palavra espanhola pejorativa para designar homossexuais).
Na casa dos tios-avôs, Elián brincava hoje com um cachorro labrador que ganhou do congressista cubano-americano Lincoln Díaz-Balart. O INS deu prazo até sexta-feira para que algum parente leve o garoto a Cuba ou o pai vá buscá-lo em Miami.