Três meses após o acidente com o ônibus de Conrado & Aleksandro, que matou seis pessoas e deixou 11 feridos, a esposa de um dos músicos da banda aponta falta de amparo da empresa que geria a carreira da dupla. O desastre aconteceu no dia 7 de maio, na rodovia Régis Bittencourt, em Miracatu (SP).

Josiane Avancini era companheira do baterista Roger Aleixo Calcagnoto, que tocou com a dupla por três meses. O casal teve uma filha, hoje com seis anos. Avancini diz que a criança passa por problemas psicológicos devido à ausência do pai.

O acidente aconteceu quando o ônibus saiu da pista e tombou no canteiro central. A perícia do Instituto de Criminalística apontou que a causa foi a explosão de um pneu do veículo. O laudo também apontou que o ônibus trafegava em alta velocidade.

As vítimas fatais foram o cantor Luiz Aleksandro Talhari Correia, Wisley Aliston Roberto Novais (músico), Marzio Allan Anibal (músico), Giovani Gabriel Lopes dos Santos (roadie/técnico), Gabriel Fukuda (técnico de luz) e Roger Calcagnoto, baterista e ex-marido de Josiane.

Josiane conta que ficou sabendo do acidente por meio de redes sociais. "Estava trabalhando e, quando parei para almoçar, vi os grupos compartilhando. Liguei desesperadamente para a mãe e irmã dele, e elas não sabiam de nada. Fui ligando para os amigos próximos, e ninguém sabia me informar. Aí vi pela televisão quando anunciaram a morte do Aleksandro. Fiquei apavorada. Depois de um tempo, um amigo retornou a ligação, anunciando que o Roger tinha falecido", relembra.

A manicure afirma ter ficado em choque com a notícia e que a maior preocupação era contar para a filha. "Eu, como mãe da filha dele e amiga, entrei em choque. Como chegar em casa de noite e falar que ele não está? Ainda mais que ele tinha falado que ia chegar no domingo para fazer almoço para eles [familiares]. Eu fui ver a mãe dele e dar o apoio à família", conta.

A ex-esposa de Roger diz que não esperou para contar à filha sobre a morte do pai, mesmo temendo a reação dela. "Eu conversei com ela e expliquei. Ela entrou em estado de choque, chorou e gritou. Eu dei um remédio para ela, um calmante natural. Ela não acreditou e ficou questionando 'por que Deus tirou ele dela?", lamenta.

Devido aos problemas da filha, a manicure teve que pedir demissão do salão de beleza. Josiane conta que passou necessidades e, se não tivesse a ajuda da mãe, até passaria fome. “Eu pago aluguel, tenho que bancar um apartamento. Se eu não for trabalhar, não tenho dinheiro. Está tudo atrasado. Com relação a alimento, é a minha mãe quem está me ajudando, tirando da boca dela.”

“Já passou da hora de ela ter um psicólogo. A minha filha parece que não existe para eles. O Roger morreu trabalhando. Não é justo eles virarem as costas sabendo que tem uma menina de seis anos que precisa de ajuda”, relata.

AUXÍLIO E PROCESSO

Josiane diz que chegou a receber em junho um auxílio de R$ 3 mil, que não teve continuidade. De acordo com o advogado Eduardo Barbosa, foi informado que, inicialmente, o seguro da banda pagaria o valor de R$ 100 mil a cada família. No entanto, um tempo depois, o advogado da banda teria anunciado que não pagaria mais nada.

O advogado ainda afirma estar recolhendo elementos para ajuizar a ação e diz que o caso requer indenizações. “Vai ser uma ação de indenização por danos materiais e morais, porque o Roger morreu trabalhando e a sua filha tem direito a dois terços do salário até a expectativa de vida dele. E também o dano moral, pois uma menina de seis anos não vai ter mais convivência com o pai”, explica.

VERSÃO DA EMPRESA

Em nota, a assessoria da Singular Produções Artísticas, escritório que gerenciava a carreira de Conrado e Aleksandro, “esclarece que, após o acidente com o ônibus da dupla, ofereceu auxílio financeiro e psicológico solicitado e necessário às vítimas e aos familiares das vítimas fatais, até que fosse iniciado os procedimentos de solicitação de indenização junto à seguradora”.

A nota ainda diz que “o ônibus em que Conrado e Aleksandro viajavam com a equipe e se envolveu no acidente tinha seguro total, garantindo indenizações às vítimas e beneficiários em caso de acidente. E, após o ocorrido, o escritório da dupla deu todo o auxílio e orientações aos envolvidos nesse contato com a empresa responsável, no que se refere ao pedido de indenização e recebimento dos valores”.

A empresa afirmou “se solidarizar com as famílias que perderam seus entes queridos, perdas que também são muito sentidas por todos, e tem procurado ajudar, como foi o caso do auxílio financeiro repassado a todos como forma de apoiar até que recebam o seguro.” “Infelizmente os trâmites são necessários, e a Singular Produções tem acompanhado de perto o trabalho da seguradora, que é responsável pelo pagamento de indenização às vítimas e beneficiários, sendo que três famílias das vítimas fatais já receberam o seguro, e que a liberação das indenizações dos demais casos se encontram em andamento junto à seguradora.

*Sob supervisão de Fernanda Circhia

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