Brasília - Autoridades do governo do Distrito Federal (GDF) informaram nessa segunda-feira (17) que um ex-assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, exonerado há cerca de um mês, foi preso na madrugada de sábado (15), em Brasília, dia da abertura da Copa das Confederações, após cortar fios de um semáforo na W3 Sul, via localizada nas proximidades do centro da cidade. Ele foi libertado após pagar fiança de R$ 700.

"Foi uma tentativa de sabotagem para atrapalhar o trânsito de carros na região", acusou o diretor do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), José Alves Bezerra. Segundo o diretor-geral da Polícia Civil do GDF, Jorge Xavier, o ex-assessor se chama Gabriel Elias e trabalhava na Subchefia de Assuntos Parlamentares. "Ele estava também entre as lideranças do movimento Copa pra Quem?", informou Xavier. O grupo de manifestantes queimou pneus no Eixo Monumental, na sexta-feira (14), em protesto contra os gastos públicos destinados ao evento.
Para o secretário de Segurança Pública do GDF, Sandro Avelar, as ações coordenadas entre os diversos órgãos de segurança pública resultaram em uma "atuação perfeita, precisa, equilibrada, e feita no momento correto", para evitar maiores problemas. "Há imagens veiculadas na imprensa que mostraram os manifestantes jogando bolhas de sabão no rosto dos policiais, que permaneceram profissionais, não reagindo à provocação", disse o comandante-geral da Polícia Militar do DF, Jooziel de Melo Freire.

"Além disso, tivemos relatos de jornalistas que foram ameaçados pelos manifestantes, porque queriam fotos apenas da ação policial. Ao proibirem a cobertura jornalística de suas próprias ações, esses meninos mostram que não são tão inocentes", acrescentou o diretor-geral da Polícia Civil.

"Não teria como [a ação policial] ser mais equilibrada", disse Sandro Avelar. "Nós negociamos respeitando todo o direito à manifestação, mas sabíamos que não iríamos enfrentar apenas pessoas que queriam apresentar ideias. Isso ficou evidente quando, já perto da entrada, eles mudaram o discurso de crítica e começaram a dar palavras de ordem para invadir o estádio e não permitir que o jogo acontecesse. Foi neste momento que tivemos de atuar no sentido de dispersá-los", informou o secretário.

Para as autoridades do GDF, não há, em princípio, uma relação direta entre as manifestações feitas na sexta-feira e no sábado, no momento do jogo de abertura. "Na primeira, houve algo incomum, que foge ao padrão: manifestantes receberam dinheiro para se manifestar. Temos provas disso", disse Avelar. "Encontramos, com algumas lideranças, um documento dizendo que quem não comparecesse na sexta-feira não receberia o pagamento", acrescentou o diretor-geral da Polícia Civil.

De acordo com a PM, um aporte destinado a remunerar os manifestantes foi feito pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Nove lideranças foram identificadas pelos policiais. "Antes, inclusive, houve ensaio da movimentação a ser feita pelos manifestantes", disse Xavier.

Não há, até o momento, indícios de que a manifestação ocorrida na abertura da Copa das Confederações tenha sido motivada por qualquer remuneração, de acordo com as autoridades de segurança pública. "Essa foi formada, principalmente, por meio de redes sociais, apesar de ter contado, também, com a participação de pessoas que estiveram na manifestação do dia anterior. Apenas um grupo menor tentou vandalizar, após verem que a maioria já havia se dispersado", disse Avelar. Um inquérito sobre os eventos deverá ser finalizado no prazo de 30 dias pela Polícia Civil.

Segundo o secretário, o resultado da ação policial foram "apenas pessoas levemente feridas". No balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública, 19 pessoas foram autuadas, e dez adolescentes foram conduzidos à Delegacia da Criança e do Adolescente 1 por desacato, resistência à prisão e tumulto. "Mas ninguém foi ou está recolhido à cadeia", garantiu o diretor da Polícia Civil. Além disso, uma viatura da PM foi avariada e um policial ferido.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram feitos 23 atendimentos de pequena gravidade durante o evento. "Entre eles os de duas grávidas, devido ao cansaço e pela falta de alimentação", informou o chefe do órgão, Mauro Sérgio de Oliveira.

Segundo o diretor do Detran, tanto a chegada quanto a saída do estádio transcorreram de forma tranquila, "superando todas expectativas que tínhamos", disse. "Moradores do Plano Piloto [área central de Brasília] precisaram de cerca de 20 minutos para voltarem a suas casas", acrescentou. Ainda segundo o Detran, foram rebocados 31 veículos e 41 foram multados. "Apenas uma pessoa foi presa por dirigir alcoolizada", disse o diretor do órgão.