EUA opõem-se a eliminação de tarifas de importação para países pobres Do correspondente Paulo Sotero
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sábado, 08 de abril de 2000
Washington, 09 (AE) - O temor de complicar ainda mais as chances de aprovação no Congresso norte-americano da normalização das relações comerciais entre Estados Unidos e China e a extensão de alguns benefícios comerciais à áfrica levou a administração Clinton a opor-se a uma iniciativa mais ampla, defendida pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de abertura dos mercados dos países industrializados às exportações das nações mais pobres e altamente endividadas da América Latina, ásia e áfrica. O Brasil não é uma delas.
A proposta foi apresentada durante a reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em dezembro passado, em Seattle, como um complemento necessário ao programa HIPC de cancelamento da dívida oficial desses países, administrado conjuntamente pelo BIRD e pelo FMI como parte de uma estratégia mais agressiva de redução da pobreza.
Na época, o então diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus, afirmou, em entrevista à Agência Estado, que, "sem a abertura dos mercados dos países ricos às exportações das nações mais pobres, a iniciativa HIPC perderia muito de seu significado".
Altos funcionários da própria administração Clinton admitem que o momento não poderia ser menos apropriado para barrar esse programa - às vesperas da reunião semi-anual do BIRD e do FMI, esta semana, que deverão ser marcadas por manifestações de protestos contra as duas organizações.
Milhares de militantes de grupos cívicos e ambientais, de sindicatos e de igrejas propõe do fechamento do FMI e do BIRD, que vêem como instituições a serviço das multinacionais e da globalização, a drásticas reformas de suas políticas, que consideram nocivas aos países pobres.
O movimento Jubileu 2000 abriu hoje a semana de protestos em Washington com uma grande manifestação em favor do perdão da dívida dos países mais pobres. "Nós fomos realmente apanhados no meio de uma situação complicada", disse um alto funcionário da administração ao New York Times.
"O comércio é a melhor maneira de tirar um país da pobreza, mas fazer o que é certo não é fácil, (pois) não estamos conseguindo aprovar no Congresso nem mesmo medidas mais modestas do que essa", acresventou o funcionário, referindo-se à proposta de eliminação das barreiras às exportações do países pobres.