Com base em levantamento feito com 233 executivos de companhias midiáticas de 32 países, o centro de pesquisa Reuters Institute for the Study of Journalism lançou o relatório que mostra os desafios e tendências para as organizações de jornalismo em 2020.

Os últimos dez anos foram definidos pela disrupção tecnológica do mobile e das mídias sociais, o que fragmentou a atenção e enfraqueceu a seleção de conteúdos relevantes pelo jornalismo, segundo o estudo intitulado "Journalism, Media and Technology Trends and Predictions 2020" (Jornalismo, Mídia e Tendências Tecnológicas e Previsões para 2020, em tradução literal).

"A próxima década será definida pela regulação crescente da internet e tentativas de restabelecer a confiança no jornalismo e a proximidade com a audiência", diz o documento. Além disso, outras tecnologias e novos cenários econômicos e políticos vão trazer vários desafios para as empresas de notícias.

Segundo o relatório, 73% dos entrevistados disseram que se sentem confiantes em relação às perspectivas da empresa para 2020, mas apenas 46% se sentem do mesmo jeito em relação ao futuro do jornalismo. Uma das principais preocupações é a produção local de notícias, junto com o medo do declínio da confiança e dos ataques ao jornalismo por políticos.

"Eu estou preocupado que os jornais locais sejam afetados por dívidas corporativas, diminuição da receita de anúncios e pela transição lenta para as plataformas digitais", disse Jeremy Gilbert, diretor de iniciativas estratégicas do Washington Post.

Metade dos entrevistados indica que os leitores são o principal fluxo de renda do veículo e, por isso, estão apostando cada vez mais no engajamento destes. Diante disso, uma das tendências para 2020, segundo o relatório, é que os sites exijam cada vez mais o registro de dados e aumentem suas estratégias de login em troca do acesso ao conteúdo.

Em relação à diversidade de gênero, a pesquisa indica que 76% dos executivos acreditam que suas empresas estão fazendo um bom trabalho. Porém o desempenho diminui quando se trata de diversidade racial, com apenas 33% avaliando seu desempenho positivamente.

O relatório também estima que, sendo 2020 um ano de eleições ao redor do mundo, uma nova onda de desinformação virá a tona, com novas táticas, incluindo tecnologias de IA, para sobrecarregar as defesas das plataformas. O papel dos sites será cada vez mais politizado, o que ocasionará ataques diretos e acusações de políticos.