O advogado Roberto Maschietto, proprietário da Fazenda Rio Verde, em Itararé, sudesteno de São Paulo, na divisa com o Paraná, ocupada durante 23 dias por 600 sem-terra, comparou os estragos produzidos na propriedade à devastação de um tornado. ‘‘Arrasaram com tudo o que construí em 32 anos’’, reclamou. Os sem- terra invadiram a fazenda de Maschietto na madrugada de 19 de outubro e concluíram a retirada das famílias na madrugada de ontem. O fazendeiro chegou a passar mal quando viu o que restara das instalações.
A casa-sede, parcialmente destelhada, estava com portas e janelas arrebentadas. Os sem-terra haviam defecado nos 12 cômodos e arrebentado vasos sanitários, pias e torneiras. Destroços e lixo estavam espalhados por toda parte. Segundo Maschietto, televisores, móveis, eletrodomésticos, colchões e roupas foram levados. Do lado de fora, espalhavam-se carcaças de bois abatidos pelos sem-terra. Parte da carne apodrecia em monturos.
Segundo Maschietto, o clima continua tenso na região porque os sem-terra controlam a estrada de acesso à fazenda. O fazendeiro aguardava, ontem à tarde, a chegada da Polícia Técnica para fazer a perícia no local.
O coordenador regional do Movimento dos Sem Terra (MST), Delwek Matheus, disse que o proprietário da fazenda não tem motivos para reclamar. ‘‘A gente ia por fogo em tudo, sobrariam só cinzas para ele’’, respondeu. ‘‘Se ele começar a encher nossa paciência, voltamos lá e queimamos tudo’’, ameaçou.Robson Fernandjes/AEVandalismoMaschietto e sua esposa choram ao ver o estado de suas terrasAgência Estado