São Paulo, 26 (AE) - Treze mil condenados, autores de crimes como assassinatos, assaltos, furtos e estelionato, estão em liberdade no Estado. Alguns são recordistas, com mais de 30 mandados de prisão. A Divisão de Capturas, encarregada de localizá-los, tem em seus arquivos 166 mil mandados a cumprir. A maioria deles é contra pessoas do interior: 87 mil. Os criminosos procurados da capital são 56 mil e os de outros Estados, 22 mil.
As informações fazem parte de um levantamento da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), realizado no ano passado a pedido da Polícia Civil. Apesar de o número de foragidos ser grande, em agosto eram 25 mil os criminosos procurados pela Justiça no Estado. Em um semestre, as Polícias Civil e Militar localizaram e prenderam 12 mil condenados.
No fim do ano passado, a polícia deteve o recordista em condenações no Estado, o estelionatário Carlos Alberto Codarim, contra quem havia 38 mandados. Ele foi transferido para a Casa de Detenção, no Carandiru, zona norte de São Paulo.
Sentenças - O delegado Fernando Vilhena, responsável pela Divisão de Capturas, determinou a realização de um levantamento dos dez foragidos com o maior número de mandados. A lista agora é encabeçada pelo ladrão Valter Aparecido Laoz, com 36 pedidos de prisão, e os estelionatários Satyra Pisaneschi Alves Pinto (33) e Carmelo Ramirez Perez (31). Os três foram sentenciados a penas que variam entre 50 e 100 anos.
Na relação dos recordistas de mandados, alguns são velhos conhecidos da polícia. Outros, apesar do histórico de crimes, passaram poucas vezes pelas delegacias.Do primeiro grupo fazem parte, por exemplo, Pedro Henrique Pimentel, de 37 anos. Mineiro de Uberaba, Pimentel tem contra si 26 mandados. Condenado a 107 anos por assaltos na capital e em 12 cidades do interior de São Paulo, fugiu da prisão em 7 de abril de 1998.
Satyra, de 57 anos, faz parte do segundo grupo. Nascida em Mairiporã, interior de São Paulo, está condenada a 89 anos por estelionato e furtos. Seu primeiro indiciamento ocorreu em 1987, na Superintendência da Polícia Federal de São Paulo.
Há ainda os que estão foragidos há décadas. Antonio Calixto Moya, de 59 anos, fluminense de Duque de Caxias, está condenado por assaltos a 106 anos. A Justiça expediu contra ele 21 mandados. Sua última prisão ocorreu em dezembro de 1978, quando foi recolhido à cadeia de Campinas.
Reestruturação - Para localizar os condenados, a divisão tem 5 delegados, 24 investigadores e 2 agentes policiais (motoristas). Vilhena, no cargo desde dezembro, deverá receber mais policiais e melhores condições de trabalho.
O delegado está reestruturando a divisão, ampliando a investigação para a captura de assaltantes e traficantes - e não apenas de pessoas condenadas por não pagar pensão alimentícia. Vilhena explicou que a localização de quem não paga pensão costuma ser fácil, porque a maioria dessas pessoas tem endereço conhecido ou paradeiro conhecido por suas mulheres. "Mas nós queremos pegar ladrões, traficantes, aqueles que devem ficar na cadeia", disse. "Vamos atrás deles."
O delegado acredita que, em pouco tempo, muitos desses criminosos estarão na cadeia. Com suas informações, a polícia prendeu, na semana retrasada, o assaltante de bancos Marcos Cesar Bastos, o Marquinhos Pirata, condenado a 70 anos. Vilhena está passando as informações dos criminosos condenados para as delegacias de diversos departamentos. "Nosso objetivo é cumprir os mandados."