As causas dos dois incêndios registrados em Londrina ainda serão apuradas. No entanto, alguns cuidados podem evitar que panes elétricas desencadeiem tragédias.

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. | Foto: Pixabay

A conselheira do Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina) e representante da Câmara de Engenharia Civil do Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná), Maria Clarice Rabelo, destaca a necessidade de se contratar profissionais qualificados para projetar e executar as instalações elétricas.

A atenção, segundo ela, deve ser dedicada desde a construção até a reforma dos imóveis, principalmente, após a ocorrência de incêndio.

“Ao fazer revestimento, pintura em forro de madeira, por exemplo, tudo precisa seguir algumas normas e regras específicas. Para isso, é necessário um profissional qualificado. O pós-incêndio é um grande problema porque não se contratam profissionais devidamente qualificados. Há uma preocupação maior em refazer o espaço, mas é preciso analisar a estrutura do prédio como um todo”, alerta.

Um especialista em patologias da construção pode identificar os danos através de perícia no local. O profissional analisa, entre outros itens, o tempo de duração do incêndio e a cor das chamas. “Uma instalação elétrica mal feita é um vilão. As pessoas colocam o próprio patrimônio e a própria vida em risco e comprometem o imóvel e a vida dos vizinhos também”, afirma.

O gerente do Departamento de Manutenção da Região Norte da Copel, Luciano Bento Dantas, reforça ainda os cuidados na utilização da rede elétrica. Conforme ele, é importante não ligar vários equipamentos na mesma tomada, verificar a qualidade das extensões adquiridas, observar se há algum fio desencapado em contato com tecidos como cortinas ou tapetes e não deixar equipamentos funcionando quando não há pessoas no imóvel. Todos os itens utilizados na rede elétrica devem ter selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

“Os problemas não são ocasionados tanto pelo uso inadequado, mas pela má qualidade da instalação elétrica. Às vezes, as pessoas têm problemas na instalação, por exemplo, quando o disjuntor desliga sozinho. Nesses casos, as pessoas trocam o disjuntor por um de maior capacidade, mas é preciso mudar toda a fiação. Se o equipamento está desligando é porque tem fuga de corrente”, explica.

“A instalação elétrica nos imóveis precisa ser revisada a cada 5 anos. Nos estabelecimentos comerciais, é importante que essa revisão seja feita também ao ser alterado o tipo de negócio exercido no local, por exemplo, de um escritório de advocacia para um consultório médico com vários equipamentos para exame”, orienta.

PERITOS EM VISTORIA

Para ajudar os síndicos e demais funcionários da administração dos cerca de 600 condomínios filiados na região de Londrina, o Secovi (Sindicato da Habitação e Condomínios) deve adotar uma prática já utilizada em Curitiba, o cadastramento de peritos em vistoria. Segundo o diretor da Regional Norte, Rosalmir Moreira, a diretoria do sindicato evitava fazer "indicações", porém, a mudança deverá ser implementada de modo a aumentar a segurança dos síndicos ao contratarem os profissionais.

“Nos edifícios mais antigos, vemos, principalmente na caixa de distribuição, verdadeiros absurdos. Por isso, aconselhamos a contratação a cada dois anos de um profissional perito em vistoria, não só na parte comum, mas nos apartamentos, também. Às vezes, de forma visual já é possível constatar algum defeito”, ressaltou.

Também de acordo com Moreira, são ofertados dois treinamentos por ano sobre o manuseio e verificação dos extintores de incêndio aos síndicos, o que pode ajudar bastante até a chegada do Corpo de Bombeiros, em casos mais graves.