Especialista faz orçamento para combater a pobreza
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quarta-feira, 11 de outubro de 2000
Não custaria tanto para o Brasil atacar a pobreza. Pelas contas de um dos maiores especialistas no assunto, o economista Ricardo Paes de Barros, diretor do Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um bom programa de combate à pobreza custaria aos cofres públicos em torno de R$ 70 bilhões por ano.
É menos da metade do que os R$ 150 bilhões gastos anualmente com todos os programas sociais existentes, explicou Paes de Barros. Nessa conta dos R$ 150 bilhões entram hoje os gastos com a Previdência, saúde, educação, trabalho, reforma agrária e todas as ações sociais do governo.
Vindo de um economista que trabalha para o Ministério do Planejamento, a avaliação pode parecer ousada. Mas Paes de Barros avalia que o governo já reconhece que tem programas compensatórios bons, mas que será preciso avançar. É um absurdo que ainda existam cerca de 15 milhões a 20 milhões de brasileiros que passam fome hoje em dia, lamenta o economista do Ipea.
O ideal, recomenda Paes e Barros, seria ter algumas ações intensas, como dar bolsas-escola de R$ 50,00 para família pobres; microcrédito para quem quer tocar um pequeno negócio próprio; terra para os que querem trabalhar no campo e conhecimento de técnicas avançadas.
Ontem foi um dia especial para o economista de 45 anos, reconhecido pela sua habilidade com o tema pobreza, desigualdade e renda. O professor James Heckman, novo Prêmio Nobel de Economia, foi o orientador de tese de Ricardo Paes de Barros.