A suposta facilidade das técnicas anunciadas nas redes sociais e o número de seguidores - só o médico Denis Furtado, o Dr. Bumbum, preso na semana passada, tinha 660 mil - atraem interessados em procedimentos estéticos. "Resolvi procurá-lo por causa da facilidade de recuperação, eu não precisaria ficar afastada das minhas atividades", contou uma ex-paciente do Dr. Bumbum. Ela teve hidrogel injetado nos seios - técnica proibida - e pagou R$ 7 mil pelo procedimento, há quatro anos. Agora luta para se livrar das deformidades e cicatrizes no corpo.

Na internet, profissionais oferecem serviços que não estão credenciados a fazer e inventam especialidades. "Isso é simples de checar", diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Alexandre Hohl. "Basta entrar na página do Conselho (Regional de Medicina) e digitar o nome do médico para saber se ele tem especialização."

Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), médicos não podem alardear supostos resultados, nem anunciar especialidades médicas que não existem. Algumas delas são "terapia antienvelhecimento", "fisiologia hormonal", "hipertrofia muscular" e "chip da beleza".

Há 57 especialidades médicas regulamentadas, diz o CFM. E medicina estética - uma das mais citadas nas redes - não é uma delas. "E mesmo um especialista, um cirurgião plástico ou dermatologista não pode postar foto de pacientes em nenhuma hipótese, a Constituição não permite, até mesmo se houver autorização (da paciente)", diz José Fernandes Vinagre, corregedor do CFM.

"Ainda confiamos naqueles com mais seguidores", afirma a especialista em comunicação e redes sociais Ana Erthal, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). "Cada foto do Dr. Bumbum tem 10 mil, 20 mil curtidas. Enche os olhos das pessoas." (J.M. e R.J.)