Quito, 10 (AE-AP) - Momentos depois de o presidente equatoriano Jamil Mahuad anunciar o plano de dolarização da economia, as duas principais cidades do país - Quito e Guayaquil - amanheceram paralisadas e sob tensão nesta segunda-feira (10).
Rumores de golpe por parte de militares, de renúncia de todo o governo e até de um "autogolpe", desfechado por Mahuad, vinham circulando no país durante toda a semana, quando manifestantes tomaram as ruas em protesto contra a política econômica do governo e exigiram a renúncia do presidente.
Desde quinta-feira, por decreto presidencial, vigora no país um Estado de emergência.
Às 22h30 do domingo (0h30 de ontem em Brasília), Mahuad foi à tevê para anunciar, em 20 minutos de pronunciamento, soluções radicais para a crise: a dolarização total da economia, a reformulação de todo o seu Ministério e rejeitou qualquer possibilidade de renunciar à presidência.
Em tom grave, dirigindo-se ao público como "senhoras e senhores" - normalmente ele saúda os equatorianos com um informal "amigos e amigas" -, Mahuad conclamou a população à união para superar a crise política e econômica.
"O Equador requer acordos e a busca de um único objetivo nacional", disse. "Não abandonarei os equatorianos nesta crise; tenho de sofrer com vocês os problemas pelos quais estamos todos passando, pois juntos nós os superaremos."
Ele agradeceu aos ministros de seu gabinete pelo "espírito de entrega" demonstrado ao apresentar a demissão coletiva. Acrescentou, sem mencionar nomes, que nos próximos dias anunciará quais pedidos de demissão serão aceitos, abrindo a possibilidade de substituir os atuais ministros por nomes de consenso.
Mahuad também declarou ter apoio suficiente do Congresso unicameral de 121 cadeiras para levar adiante todas as reformas apresentadas.