São Paulo, 10 (AE) - Além da deterioração das vias de acesso, a população do Brasil tem de lidar com o envelhecimento da frota, que acaba provocando acidentes e maior emissão de poluentes no ar. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), dos cerca de 20 milhões de veículos em circulação, pelo menos 9,5 milhões foram fabricados há mais de 10 anos.
Dados da Anfavea entregues recentemente ao governo federal mostram que essa frota antiga é responsável por 80% da emissão de gases poluentes na atmosfera. Dos acidentes com mortes ocorridos nos últimos anos, 60% envolveram veículos produzidos há mais de uma década. As montadoras e os sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de São Paulo estão liderando campanha a fim de obter do governo a aprovação de um projeto de renovação da frota. O programa também tem como objetivo o aumento da produção de carros novos e, consequentemente, a manutenção de empregos nas fábricas.
A idéia é incentivar a troca do carro velho por um mais novo, por meio de bônus (desconto) de R$ 1.800,00 para o carro a gasolina e de R$ 3.600,00 para o movido a álcool. Os valores seriam bancados por fabricantes, revendedores e governos estadual e federal. Os veículos serão sucatados em centros de reciclagem a ser construídos em algumas capitais. O projeto, em discussão há mais de um ano, parou no Ministério da Fazenda, que não está muito disposto a reduzir impostos para bancar a parcela governamental do bônus.
Já a questão da poluição vem sendo tratada há vários anos pelos fabricantes. O diretor da Associação dos Engenheiros Automotivos (AEA), Elcio Farah, diz que os veículos saem das fábricas atualmente com emissão máxima de 2 gramas de monóxido de carbono por quilômetro rodado. Em 85, quando começaram as discussões do programa de redução de emissão, cada veículo descarregava no ar 30 gramas de monóxido/km. "Devemos iniciar projeto que prevê uma escala de redução até chegarmos à emissão zero", diz Farah.