A edição 2021 do Enem, terceira sob o governo Bolsonaro, foi marcada por uma série de percalços e controvérsias
A edição 2021 do Enem, terceira sob o governo Bolsonaro, foi marcada por uma série de percalços e controvérsias | Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

O segundo dia do Enem 2021 (Exame Nacional do Ensino Médio) foi realizado neste domingo, 28. A prova contou com 90 questões de matemática, física, química e biologia. Como de costume, o exame abordou temas presentes da atualidade, e como era esperado por alguns cursinhos pré-vestibulares o assunto Covid-19 não foi pautado em nenhuma das questões da prova. Um dos motivos é o fato de as perguntas serem elaboradas com antecedência para serem pré-testadas, além das descobertas sobre o vírus serem recentes e estarem em constante atualização.

As questões da segunda fase da edição Enem 2021 tiveram como principais temas a dengue, a extinção de espécies no Pantanal, carros elétricos e biocombustíveis. Uma das características já conhecidas da prova de matemática e ciências da natureza é justamente priorizar as habilidades do candidato em detrimento do conteúdo, valorizando a interpretação de textos, gráficos e tabelas.

Sem redação, grande parte dos candidatos considerou este segundo dia menos cansativo do que a primeira fase realizada no último dia 21. João Marcello, 19, está prestando o Enem pela terceira vez com foco em cursar Direito. O estudante londrinense considera que as questões foram mais diretas do que o primeiro dia de aplicação e até exames passados. “Em relação às últimas provas que eu fiz, achei essa não muito fácil, mas pelo menos consegui entender melhor. Acho que foi mais direta, principalmente comparado à primeira fase”, destaca.

A estudante Ingrid Eduarda Martelli Correia, 17, nunca havia prestado o exame e pretende ingressar em Biologia com a nota que obter. Para ela, o segundo dia foi mais difícil, mas também menos cansativo. “É uma experiência nova. Achei mais difícil que a primeira fase, mas menos cansativa. Física para mim foi mais difícil e matemática mais fácil.”

Os candidatos também avaliaram que além de menos cansativo, as questões aplicadas no segundo dia do exame não fugiram do grau de dificuldade que era esperado. “A prova estava no nível em que eu esperava. Algumas questões estavam mais tranquilas, outras precisei prestar mais atenção, mas a grande maioria dos assuntos eu já havia estudado”, destaca Rafaela Resta, 18.

Arthur dos Santos e Santos, 18, pretende cursar Administração e também considera que a prova de matemática e ciências da natureza não fugiu do que era esperado por ele. “Era o que eu esperava, todo o conteúdo foi bem compreensivo. Eu achei hoje mais tranquilo pela questão do tempo ser menor e, no meu caso, porque me dou melhor em exatas”, destaca.

A edição 2021 do Enem, terceira sob o governo Bolsonaro, foi marcada por uma série de percalços e controvérsias. Após meses de escolas fechadas, e com novas regras de dispensa da taxa de inscrição, o número de inscritos na prova despencou. Às vésperas da aplicação, dezenas de servidores do Inep pediram demissão de seus cargos de confiança, descontentes com a gestão do presidente da autarquia, Danilo Dupas, a quem acusam de assédio moral e de fragilidade técnica e administrativa.

Soma-se à debandada a ameaça constante de Bolsonaro de interferência ideológica nas questões. Como revelou a Folha de S.Paulo, ele chegou a pedir ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, que o golpe militar de 1964 fosse chamado de revolução na prova. O pedido não foi atendido, mas o tema sumiu do exame desde o início do mandato do presidente.