Pelo menos 20 mil extratos de plantas para fazer remédios saem por ano do País sem que o Brasil receba por isso, segundo parecer da Comissão de Biopirataria da Câmara dos Deputados. Este problema está sendo discutido por cientistas brasileiros e do países que integram o Mercosul que participam do seminário Gestão em Projetos Biotecnológicos na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio. O encontro foi iniciado anteontem e prossegue até o dia 27 de novembro.
‘‘É preciso regulamentar o acesso aos recursos naturais e investir em pesquisa para resolver essa situação’’, acredita o professor Sílvio Valle, coordenador do seminário e dos cursos de biossegurança da Fiocruz. ‘‘Pesquisadores estrangeiros não levam apenas uma planta para fora do País, mas todo o conhecimento da população nativa sobre os usos e benefícios daquele vegetal’’.
O relatório da sindicância da Câmara dos Deputados, realizada há um ano pela deputada federal Socorro Gomes (PC do B-PA), alertava para esse fato: a pesquisa de uma única droga custa em média US$ 350 milhões, mas a partir da informação de nativos os grupos estrangeiros economizam até US$ 300 milhões. Todas as pesquisas da biodiversidade realizadas em 1995 custaram ao governo brasileiro R$ 15,8 milhões. No ano seguinte, o investimento caiu para R$ 5,8 milhões, ainda de acordo com o relatório. Apenas 12 países, em todo o mundo, são considerados megadiversos e possuem 70% de todas as espécies de vertebrados, borboletas e plantas pesquisados. Cinco desses países estão na América Latina.