Festival de Foguetes, no campus da UEL, foi um dos atrativos do evento
Festival de Foguetes, no campus da UEL, foi um dos atrativos do evento | Foto: Isaac Fontana/Frame Foto/Estadão Conteúdo

A cada contagem regressiva, um novo foguete seguia pelos ares. O alcance era acompanhado por olhares atentos. O local escolhido como base para o lançamento dos projéteis foi o campus da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Dezenas de participantes, entre pesquisadores e curiosos, se reuniram na tarde de sábado (22), no gramado ao lado do RU (Restaurante Universitário). O Festival de Foguetes foi um dos atrativos do 16º Epast (Encontro Paranaense de Astronomia). Conforme os organizadores, o maior evento do gênero do sul do país.

“Os minifoguetes são pequenos engenhos que voam a baixas altitudes usando os conhecimentos dos grandes foguetes espaciais”, destacou Roberto de Paula, um dos palestrantes do evento. Após o lançamento de um dos projéteis, o estudante Edward Townsend, da graduação de química da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), do campus de Pato Branco (Sudoeste), respirou aliviado. “Achei que o desempenho do foguete foi muito bom”, comemorou. Ele produziu o projétil durante oficina que também fez parte da programação.

Townsend explicou que os foguetes, com pouco mais de 30 centímetros, foram compostos por uma cápsula feita de gesso, um tubo de papelão e pedaços de isopor, além de um combustível com uma mistura de pólvora. No ar, parte da estrutura se abria para o lançamento de um pequeno paraquedas. No festival, a competição amistosa era entre os que atingiam maior altura e entre os que permaneciam mais próximos à base de lançamento no retorno ao solo.

O 16º Epast foi realizado entre os dias 20 e 22 de junho. Durante o encontro, os participantes conferiram palestras, oficinas, o projeto "Na Rua, de Olho pra Lua!", entre outras atividades. “Achei muito bom esse evento. Nunca tinha olhado por um telescópio na vida. Observei Saturno pela primeira vez”, completou o estudante entusiasmado.

A intenção do encontro é popularizar a ciência, conforme destacou o coordenador do evento, Miguel Fernando Moreno. “É um encontro de divulgação da astronomia. Não é um encontro acadêmico de pesquisadores da área. É um encontro de popularização e percebemos que a demanda é crescente”, afirmou. Moreno também coordena o Gedal (Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de Londrina), que completa 20 anos.

O encontro, inicialmente pensado para 80 pessoas, teve que ser ampliado até a data da realização. Ao todo, foram 430 inscritos. Estudantes, pesquisadores e interessados no tema vieram de várias cidades do Paraná. Outras centenas de pessoas compareceram espontaneamente na atividade de observação da Lua realizada na Praça Nishinomiya, região leste de Londrina.

O coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e da Mostra Brasileira de Foguetes, João Batista Canalle, esteve em Londrina e reforçou a importância de aliar teoria e prática em sala de aula para despertar cada vez mais cedo o interesse pela ciência.

“Para fazer um foguete, por exemplo, é preciso estudar a lei de ação e reação e o movimento balístico. Depois que os estudantes percebem isso nos foguetes, quando se vai à lousa, deixa de ser só fórmulas e passa a ser a explicação matemática do que eles acabaram de fazer. Isso tudo passa a ter mais sentido, é um aprendizado teórico depois de uma atividade prática prazerosa.”

A veterinária Rosana Sasaki levou os filhos para acompanhar o lançamento de foguetes na UEL. Eles ficaram encantados. “É um evento interessante para o desenvolvimento deles. Para a minha geração, era muito difícil ter acesso a esse tipo de informação, não chegava ao nosso conhecimento. Para eles, isso talvez faça parte do cotidiano.”

“O país é carente em incentivo à ciência. Não vemos fomento para esse tipo de coisa. Você vê a surpresa de uma criança quando ela faz um foguete. ‘Nossa! Eu sou capaz disso!’. Falta estímulo. O evento cresceu muito e já estamos nos preocupando com os próximos”, completou um dos organizadores do evento e coordenador de Astronáutica do Gedal, Luzardo Júnior.