Kampala, 27 (AE-AP) - Prisioneiros sob guarda armada encontraram nesta segunda-feira (27) os corpos parcialmente decompostos de mais 73 pessoas, entre elas várias crianças, em uma vala comum na propriedade de Dominic Kataribabo, um dos líderes da seita apocalíptica Restauração dos Dez Mandamentos de Deus, em Rugazi, sudoeste de Uganda.
Muitos cadáveres - entre os quais os de 24 crianças, incluindo alguns bebês - apresentavam ferimentos de facadas e outros tinham tiras de pano ou cordas em volta de seu pescoço e foram enterrados há aproximadamente três meses.
O novo achado eleva para mais de 700 as vítimas da seita, cujos líderes aparentemente vinham matando sistematicamente seus seguidores há vários meses. Segundo a polícia, outra parte da propriedade, onde se acredita que deva haver mais corpos, será escavada amanhã pelos prisioneiros de uma penitenciária local.
Na sexta-feira, a polícia encontrou 153 cadáveres em uma casa abandonada usada pela seita apocalíptica perto do vilarejo de Buhunga, que apresentavam sinais de terem sido espancados ou estrangulados.
Tanto os corpos de hoje como os de sexta-feira foram encontrados a menos de 80 quilômetros de Kanungu, onde pelo menos 562 membros do movimento religioso morreram quando a igreja em que estavam pegou fogo no começo do mês. A polícia inicialmente tratou o incêndio em Kanungu como um suicídio coletivo.
De acordo com as autoridades, alguns dos membros da seita - que foram pressionados a vender suas propriedades e doar o dinheiro ao movimento - aparentemente exigiram seu dinheiro de volta após ter fracassado a previsão de que o mundo iria acabar em 31 de dezembro.
A polícia suspeita que os líderes da seita começaram a matar seus seguidores ao sentirem-se pressionados.
Acredita-se que Kataribabo, de 64 anos, tenha morrido no incêndio. Ex-padre da Igreja Católica, ele era considerado uma pessoa muito educada, que tinha feito mestrado em teologia em uma universidade da Califórnia. Joseph Kibwetere e Credonia Mwerinda, outros líderes do movimento, foram vistos deixando o complexo da seita em Kanungu na madrugada antes do incêndio.
A maior tragédia do gênero ocorreu em 1978 na Guiana, quando 914 seguidores de Jim Jones morreram envenenados.