São Paulo, 27 (AE) - Alguns pontos sobre os empréstimos do empresário Jorge Yunes ao prefeito Celso Pitta (PTN) ainda não foram esclarecidos. Embora a liminar que afastou o prefeito tenha sido derrubada, permanecem dúvidas sobre o relacionamento de Pitta com Yunes e por que o empresário disponibilizou R$ 800 mil para o prefeito e R$ 150 mil para Nicéa Pitta como comissão em suposta consultoria de arte. A ação movida pelo Ministério Público Estadual (MPE) supõe que os empréstimos foram um "presente". Em troca, Yunes seria beneficiado pelo prefeito. Doação - Na prestação de contas da campanha de Pitta em 1996 aparece uma doação de R$ 5 mil em nome de Yunes. Por que o empresário contribuiu oficialmente com tão pouco perto dos R$ 800 mil emprestados a Pitta depois que ele virou prefeito? Em seu depoimento, Victor Pitta, filho do prefeito, afirmou que Yunes teria dito que contribuiu com "milhões" para a campanha de Pitta. Cartório - Em entrevistas, Yunes afirmou que os empréstimos foram registrados em cartório a pedido do prefeito. O empresário disse que emprestaria mais a Pitta e que não está preocupado com o pagamento. Mas, se Yunes não pretende acionar Pitta no caso de não receber o dinheiro, por que aceitou registrar a dívida em cartório? Dinheiro - Yunes também afirmou que envia as parcelas ao prefeito em dinheiro e que inclui os empréstimos em sua declaração de Imposto de Renda. Se fizesse o pagamento em cheque
em uma possível quebra de sigilo bancário, o empresário teria como comprovar que realmente pagou as parcelas a Pitta. Yunes alegou que entrega em dinheiro porque "tem disponível". Consultoria - Segundo Yunes, Nicéa Pitta não entende nada de arte. Mesmo assim, ele diz que pagou R$ 150 mil por suposta consultoria prestada pela ex-primeira-dama. "Foi dinheiro jogado pela janela", disse o empresário. Então por que "jogar fora" R$ 150 mil? Pessoal - O prefeito tem dito que sua vida financeira é assunto pessoal. Mesmo acusado judicialmente de favorecer Yunes em troca do dinheiro recebido, Pitta não explica publicamente se deposita as parcelas em conta bancária e não esclarece como gasta o dinheiro recebido de Yunes. Hoje, a reportagem telefonou para a Prefeitura e deixou recados com as secretárias da assessoria de imprensa. Também foram deixadas mensagens no celular de um dos assessores e no do secretário de Comunicação Social, Antenor Braido. As ligações não foram retornadas. Desde sexta-feira, o Grupo Estado tem procurado Yunes em casa e na editora, no Brás. Hoje, a reportagem procurou também o advogado de Yunes, Leonardo Frankenthal. Ele disse que tentaria transmitir as dúvidas a Yunes. Não houve retorno.