Rio, 28 (AE) - A Parques Temáticos S.A., empresa controladora do parque Terra Encantada, na Barra da Tijuca, no Rio, entrou com pedido de concordata preventiva na 8ª Vara de Falências e Concordatas do Rio na segunda-feira. A estratégia é proteger o parque dos vários pedidos de falência que tramitam na Justiça.
A concordata dá um fôlego de dois anos ao parque. "Fizemos isso para proteger o processo de reestruturação e renegociação de dívidas", explicou o diretor de finanças corporativas do Banco Liberal, Salvador Vairo. A instituição foi contratada para reestruturar as finanças da empresa e está negociando a venda do empreendimento ao GP Investimentos, empresa de ex-sócios do Banco Garantia, liderados por Jorge Paulo Lemann. O GP controla o Playcenter, em São Paulo.
Segundo Vairo, as dívidas do Terra Encantada somam R$ 150 milhões, dos quais R$ 90 milhões com o BNDES. Mas o banco está resistindo às propostas de alteração no prazo e de outras condições do pagamento da dívida. Enquanto isso, o GP decidiu não renovar um protocolo de investimento, que venceu há um mês, e mantém com o Liberal apenas conversas sem compromisso.
O Terra Encantada foi inaugurado em janeiro de 1998 com metade das atrações prometidas. Um executivo que acompanhou a construção do parque diz que, perto da data de abertura, havia problemas de gerenciamento de caixa. Mas os empreendedores imaginavam que, com o parque funcionando, fariam caixa para terminar as obras. O público, entretanto, não apareceu.
"Prometeram 20 mil a 25 mil pessoas por dia, mas não passam nem 2 mil", conta o franqueado da lanchonete DunkinDonuts, José Carlos Mendes. Muitas operações fecharam, como o bar do jogador Zico. A casa noturna de Ricardo Amaral e a primeira filial brasileira da casa temática Planet Hollywood nem saíram do papel. "Para completar o parque, precisamos pôr mais R$ 8 milhões ou R$ 10 milhões", disse Vairo.
O Terra Encantada também não conseguiu atrair investidores como a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que não passou da carta de intenção. O único fundo que investiu dinheiro, o Serpros, dos funcionários do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), está deixando o negócio.
A principal acionista do parque, com 74%, é a Esta, do empresário Tjong Oei, dono de muitos negócio na Barra. O Bank of America tem 14% e o banco BVA, 12%. Na lista de credores, estão também o Unibanco, a IBM Leasing, o Banco Bozano,Simonsen e o Banco do Brasil, de acordo com o executivo do Liberal.