Em SP, 46 cidades estão em alerta máximo para queimadas
Plano emergencial prevê a ampliação dos serviços de telemedicina para consultas de triagem e acompanhamento de condições respiratórias
PUBLICAÇÃO
domingo, 25 de agosto de 2024
Plano emergencial prevê a ampliação dos serviços de telemedicina para consultas de triagem e acompanhamento de condições respiratórias
Isabela Palhares - Folhapress
SÃO PAULO, SP - O estado de São Paulo tem 46 municípios com alerta máximo para queimadas e 21 com focos ativos de incêndio neste domingo (25).
O número é maior do que o registrado um dia antes, quando eram 36 cidades em alerta e 17 com incêndios ativos.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil, essas localidades sofrem com baixa umidade do ar e elevado risco devido à onda de calor.
Com o agravamento da situação, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) viajou neste domingo para Ribeirão Preto, uma das áreas mais atingidas pelos incêndios no interior do estado. Ele anunciou um plano emergencial na Saúde para garantir o reforço nos atendimentos a casos respiratórios em decorrência da fumaça e baixa umidade do ar.
TELEMEDICINA
O plano emergencial prevê a ampliação dos serviços de telemedicina para consultas de triagem e acompanhamento de condições respiratórias, diminuindo a sobrecarga nas unidades de saúde.
"Cada município vai receber um link para o atendimento em telemedicina, com pediatra e pneumologista disponíveis 24 horas. Para que assim, a gente possa organizar melhor quem vai ser atendido nos hospitais ou em casa", disse Tarcísio.
Os municípios também devem receber um aporte de medicamentos para doenças respiratórias.
Será montado na cidade também um posto avançado de combate ao fogo. A operação é feita em parceria com o governo federal, por meio das Forças Armadas.
Além de três helicópteros da Polícia Militar que já atuam na operação, a Força Aérea Brasileira enviou uma aeronave KC-390 e dois helicópteros para ajudar no combate às queimadas. Mais 28 veículos pesados, caminhões do Corpo de Bombeiros, foram destinados à cidade.
CHUVA
Segundo o governador, as equipes já começaram a atuar e devem aproveitar a chegada de chuvas na região para controlar o fogo.
"Estamos bastante otimistas de que vamos conseguir aproveitar essa janela de tempo, com a chuva, para extinguir esses focos de incêndio", disse Tarcísio.
A ação conta ainda com cinco drones da Fundação Florestal, seis do Corpo de Bombeiros e uma aeronave de asa fixa para debelar os incêndios na Área de Proteção Ambiental de Ibitinga.
O governador explicou que a aeronave KC-390, da Força Aérea, será usada para pulverizar água em cima das áreas de alerta para incêndio.
"É uma aeronave com capacidade para transportar um volume grande de água, assim a pulverização vai ajudar a abaixar a temperatura e nos ajudar a controlar o fogo", disse o governador.
O setor canavieiro também está apoiando o estado com carros-pipa e brigadistas, e ainda há suporte das empresas de construção com contratos com o Departamento de Estradas de Rodagem e que operam para as concessionárias de rodovias nos contratos geridos pela Artesp. O Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres (CETRAS) também atua na operação.
Ainda neste domingo, a Defesa Civil e o Fundo Social do Estado enviarão ajuda humanitária para a cidade de Pradópolis, localizada na região de Ribeirão Preto. Os caminhões levarão colchões, cestas básicas e água.
AULAS SUSPENSAS
A Prefeitura de Ribeirão Preto anunciou a suspensão das aulas em todas as escolas municipais nesta segunda-feira (26) por causa das queimada. Segundo a Secretaria de Educação, a decisão foi tomada após terem constatado um grande acúmulo de fuligem nas escolas, o que poderia prejudicar a saúde das crianças e funcionários.
"Uma higienização rigorosa deve ser realizada em todas as unidades escolares, a fim de evitar ou agravar problemas de saúde, que podem afetar particularmente bebês e crianças", diz o comunicado.
Desde sexta-feira (23), a cidade de Ribeirão Preto tem sido fortemente atingida por queimadas e uma espessa fumaça dos incêndios. Na manhã deste domingo (25), o aeroporto de Ribeirão, Doutor Leite Lopes, chegou a suspender voos pela baixa visibilidade aérea causada pela fumaça que domina a região. Nenhum avião decolou ou aterrissou das 6h às 10h, quando a situação foi normalizada.
A situação também provocou a alta de problemas respiratórios e de atendimentos nas unidades de saúde.
PRISÃO
Um homem foi preso neste domingo em Batatais (a 350 km de São Paulo) sob a suspeita de atear fogo numa mata na cidade.
O homem de 41 anos, que não teve o nome revelado, foi flagrado por um morador próximo ao bairro Araras colocando fogo numa mata, seca devido à estiagem prolongada.
O morador fez a denúncia e a Polícia Militar efetuou a prisão do suspeito, que portava um isqueiro e uma garrafa com combustível.
De acordo com policiais, o telefone celular do suspeito tinha vídeos de incêndios armazenados em sua galeria de imagens. A prisão aconteceu por volta das 8h30, no Jardim Celeste.
Este é o segundo caso de prisão por suspeita de incêndio em meio à disparada de focos de calor que o estado de São Paulo vive nos últimos dias.
No sábado (24), um homem de 76 anos foi preso, pela manhã, em São José do Rio Preto (SP). O idoso foi detido sob suspeita de atear fogo em lixo em uma área de mata no bairro Jardim Maracanã.
PREJUÍZO
Os incêndios em série registrados no interior de São Paulo nos últimos dias queimaram uma área de 59 mil hectares de lavouras de cana-de-açúcar, causando um prejuízo aos produtores rurais de R$ 350 milhões.
Os dados são da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) e contemplam áreas a serem colhidas e também de rebrota de cana pulverizadas em várias regiões agrícolas paulistas. Só entre sexta (23) e sábado (24), foram 2.105 focos de incêndio no estado, 1.800 no primeiro dia e 305, no dia seguinte. Os focos de incêndio em canaviais começaram pela região de São José do Rio Preto, atingindo cidades como Olímpia, e depois alcançaram o entorno de Piracicaba e chegaram à macrorregião de Ribeirão Preto, tendo cidades como Sertãozinho, Dumont, Jardinópolis, Pitangueiras, Bebedouro, Brodowski, Batatais, Barretos, Colina, Altinópolis e Cajuru entre as afetadas. (Colaboraram Marcelo Toledo e Paulo Ricardo Martins/Folhapress)