Em quatro anos, IML de Londrina sepultou 51 corpos sem identificação
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
Rafael Machado - Grupo Folha
A FOLHA obteve pela Lei de Acesso à Informação um levantamento completo dos cadáveres enterrados como indigentes pelo IML (Instituto Médico-Legal) do Paraná nos últimos cinco anos. Foram 411 corpos, a maioria do sexo masculino (364) e 47 do feminino. No mesmo período (2016 até janeiro de 2020), das 18 unidades do órgão espalhadas pelo Estado, Curitiba é a primeira da lista (148 corpos), seguida de Londrina (51), Ponta Grossa (43), Paranaguá (41) e Cascavel (18). Veja a relação dos municípios:
Apucarana - 13
Londrina - 51
Curitiba - 148
Campo Mourão - 14
Cascavel - 18
Foz do Iguaçu - 17
Francisco Beltrão - 10
Guarapuava - 4
Ivaiporã - 4
Jacarezinho - 13
Maringá - 15
Paranaguá - 41
Paranavaí - 8
Pato Branco - 12
Ponta Grossa - 43
Toledo - 5
Umuarama - 1
União da Vitória - 3
As estatísticas compreendem as cidades atendidas por cada filial do IML no Paraná, que não foram incluídas na lista informada à reportagem. Indigente é todo corpo que dá entrada no instituto, mas acaba não sendo reconhecido por familiares ou conhecidos. Seguindo a tendência estadual, dos 51 cadáveres classificados assim, 47 são homens e apenas quatro mulheres. "A morte pode ter acontecido por qualquer circunstância, seja natural ou por disparo de arma de fogo, por exemplo. Se o reconhecimento não é feito no local por um documento de identificação ou por algum parente nesse espaço de tempo, encaminhamos para o enterro", explicou a chefe do IML de Londrina, Cristiane Ferreira de Souza.
Até que essa decisão seja tomada, o Instituto de Identificação tenta o reconhecimento por diversas maneiras. "A primeira tentativa é sempre pela digital, seja com a presença ou não da família. Já o cadáver putrefeito, pelas condições em que é encontrado, é sepultado imediatamente. Mesmo assim, coletamos material ósseo e as informações ficam cadastradas no nosso sistema. A segunda forma é analisar a arcada dentária, enquanto a terceira é pegar o DNA. Todo esse trabalho é coordenado pela central em Curitiba, que consegue fazer as buscas até o vencimento do prazo de 30 dias ou até mais em alguns casos", afirmou.
Cristiane Ferreira informou que a autorização para sepultar os indigentes varia de cada unidade do IML. "Em Londrina, os juízes permitem que façamos tudo administrativamente. O cadáver que é encontrado aqui na cidade e tem essa classificação (indigente), encaminhamos para a Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina) enterrar. Em Cambé é diferente, com a funerária conveniada com a prefeitura", completou.